Tuesday, October 10, 2006

CENTRO HISTÓRICO DE GAIA: DE PROJECTO EM PROJECTO… ATÉ À CAMPANHA ELEITORAL!!! (PARTE II)

salvadorpereirasantos@hotmail.com

O Estudo de Enquadramento Estratégico da Área Critica de Recuperação e Reconversão Urbanística de Vila Nova de Gaia, vulgo “Masterplan”, apresentado em 22 de Setembro pela Parque Expo, agora pomposamente “re-baptizado” de CidadeGaia, vai ser debatido em reunião camarária no próximo dia 6 de Novembro, com a presença de técnicos responsáveis pela sua elaboração.
Aquele Estudo, que pretende ser um passo decisivo para a criação de uma verdadeira e renovada centralidade de Vila Nova de Gaia e da Área Metropolitana do Porto, assenta em seis Unidades Operativas de Reabilitação (UOR), que constituem áreas urbanas de características homogéneas, com estratégias transversais, a exigir intervenções diferenciadas visando um objectivo uno.
Fixemo-nos para já na primeira UOR, que é constituida pela área abrangida pelo Cais de Gaia e pelas Caves de Vinho do Porto. Nesta área, aproveitando e potenciando a excelente qualidade dos serviços prestados pelas empresas de restauração instaladas no Cais, propõe-se a criação de novas infra-estruturas e de espaços públicos que privilegiem e aumentem a oferta nos sectores da hotelaria, da habitação, do lazer e da cultura.
Naqueles dois primeiros sectores, sobre os quais me pretendo hoje debruçar, a proposta da Parque Expo assenta sobretudo na construção de hoteis e complexos habitacionais de luxo, deixando uma pequena margem para a construção de habitação social, o que me leva a alertar para o perigo do Centro Histórico se transformar num espaço rico e atractivo apenas para fruição de turistas de curta permanência ou para gozo de fins-de-semana de gente endinheirada que vive e trabalha noutras paragens.
Não podemos deixar que tal aconteça. É preciso que o coração do Concelho seja revitalizado pelo pulsar de um povo que ali viva todos os dias, porque um lugar histórico sem habitantes fixos, apenas servido por populações flutuantes ou sazonais, é um local com história mas moribundo! Por outro lado, devemos exigir a preservação de um equilíbrio ambiental, paisagístico e arquitectónico fundado nas raízes da sua memória mais remota, para que o nosso património histórico sobreviva à voracidade dos que querem apenas mostrar "obra"... ou fazer especulação imobiliária!
Por tudo isto (se o projecto em curso não for apenas "mais um" projecto sem consequências...), parece-me indispensável reivindicar que se invista fundamentalmente na reabilitação das velhas casas, mantendo no Centro Histórico a população que ainda por lá vive, permitindo o regresso dos habitantes que foram realojados em bairros sociais noutras zonas onde se sentem desenraizados, e atraindo para a beira-rio famílias de classe média e jovens casais em inicio de vida em comum, proporcionando a todos “custos de habitação” acessiveis, de acordo com o perfil social e os rendimentos de cada agregado.

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