Friday, March 16, 2007

O PROCESSO DE CANDIDATURA DAS CAVES DO VINHO DO PORTO A PATRIMÓNIO MUNDIAL MUDA DE MÃOS E MARCA PASSO…

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Anunciada com grande ressonância mediática durante a campanha eleitoral para as Autárquicas de 2005 como uma das principais apostas do Executivo liderado por Luís Filipe Meneses para este seu novo mandato, a Candidatura das Caves do Vinho do Porto a Património Mundial vai ficar mais uma vez a “marcar passo”. Para justificar este “eterno” impasse, que remonta já a Outubro de 2002, o Munícipio escuda-se agora no processo de requalificação urbanística em curso no Centro Histórico de Gaia que tem por guia o celebérrimo “Masterplan”.

Alegando ainda a necessidade da constituição de um lóbi a nível internacional que acrescente garantias de sucesso à Candidatura, o que esconde obviamente outras razões, talvez de inoperância ou de incompetência do vereador da Cultura, Património e Turismo, Mário Dorminsky, que detinha a tutela do processo, o presidente da Autarquia decidiu transferir a responsabilidade daquele Dossiê para o ex-ministro António Martins da Cruz, presidente de Administração da recém-criada Agência Municipal para a Captação de Investimentos – AMIGaia.

Perante tantas trocas e baldrocas, bem ao seu melhor estilo de desnorte contínuo, não será que o senhor Meneses nos está a esconder algo mais? Será que este golpe “acrobático” não quererá também dizer que a Autarquia está a atrasar propositadamente o processo de Candidatura para “facilitar” a aprovação de novas construções e alterações ao edificado da beira-rio, porventura tão “selvagens” do ponto de vista urbanístico como a aberração arquitectónica projectada para as antigas instalações da Real Companhia Velha, que seriam depois impossíveis de passar no crivo da UNESCO?!

Recorde-se que há pouco mais de seis meses, a Ministra da Cultura disponibilizou-se para apoiar a nível diplomático e junto da UNESCO a concretização desta Candidatura, cujo desiderato fecharia «um ciclo que envolve uma série de zonas em torno do estuário do Douro», tendo Luís Filipe Menezes sustentado que já foram classificadas Caves que «não têm nem de perto, nem de longe a dimensão e a história das Caves do Vinho do Porto». Portanto, resolvida a questão do “lobi” por parte de Isabel Pires de Lima, o sucesso da Candidatura não estaria nunca em causa!…

Porquê, então, este impasse? A apresentação da Candidatura das Caves já teve várias datas anunciadas, mas vem sendo estranha e sucessivamente adiada. Porquê? Será que os investimentos privados que a Câmara tem vindo a anunciar com grande pompa e circunstância prenunciam a inevitabilidade do pagamento de uma factura demasiadamente pesada para o futuro das Caves e para o miolo do Centro Histórico?! Será que não estamos mesmo a comprometer de vez a Classificação das Caves do Vinho do Porto como Património Mundial?!.... E vamos deixar?!...

Os investimentos privados, nacionais e estrangeiros, que a Câmara diz ter já garantidos, num montante global de 475 milhões de euros, traduzir-se-ão em quê? Na valorização interna e turística das Caves do Vinho do Porto e do Centro Histórico de Gaia, perservando a sua memória e carácter? Ou, pelo contrário, abrirão caminho à delapidação de uma das maiores riquezas patrimoniais que nos foi legada e que temos como missão transmitir aos vindouros em estado que não nos envergonhe como usufrutuários e fiéis depositários da nossa memória colectiva?!...

Não podemos deixar que Luís Filipe Meneses emale a trouxa e se ponha a andar para Lisboa, para a Rua de São Caetano à Lapa, como há muito aspira, e nos deixe por “herança” as Caves do Vinho do Porto convertidas em Complexos Hoteleiros de Luxo para gozo de turista de pouca permanência, ou em Unidades de Lazer e Empreendimentos Comerciais que visam apenas negócios “que dão lucros aos milhões”, e o miolo do Centro Histórico de Gaia enxameado de Condomínios Fechados apenas ao alcance das grandes fortunas… Não podemos, nem vamos deixar que isto aconteça!!!

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