SANTA MARINHA, MEU AMOR

Tuesday, January 17, 2006

SANTA MARINHA, MEU AMOR

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Chamo-me Salvador Santos, sou Produtor e Gestor Cultural, tenho 56 anos e nasci em Lisboa.
Fiz animação cultural na segunda metade dos anos 60, nas velhas colectividades de cultura e recreio da minha cidade natal.
Não tive coragem de fugir à guerra colonial e, entre 1971 e 1973, bati com os “costados” em Angola.
Iniciei a minha actividade profissional no teatro em finais de 1973, tendo desempenhado até ao início da década de 80 funções de actor, anotador, técnico de som, técnico de luz e director de cena em diversas companhias e grupos de teatro.
Fui dirigente sindical e associativo, entre 1984 e 1988.
Em 1981, ingressei no Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) como anotador, função que ocupei até 1987, ano em que fui nomeado assistente de director de produção, acumulando posteriormente este cargo com o de adjunto de director técnico.
Nas décadas de 80 e 90, colaborei regularmente, como produtor, autor, cronista e animador, nas emissoras de radiodifusão Rádio Comercial, Rádio Renascença e Rádio Mais.
Em 1991, assumi as funções de director de produção do TNDMII, desempenhando-as ininterruptamente até Agosto de 1997. Entre 1991 e 1993, exerci cumulativamente o cargo de director de produção do Festival Internacional de Teatro, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura.
Na década de noventa produzi ópera no Teatro Nacional S.Carlos e televisão na RTP, comissariei exposições de artes plásticas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e dirigi digressões de espectáculos portugueses por terras de Espanha, França, Bélgica e Brasil.
Em Setembro de 1997, fui nomeado subdirector do Teatro Nacional S. João (TNSJ), responsável pelo pelouro da produção e da técnica, cargo que exerci até Setembro de 2000, tendo sido, por inerência dessas funções, director de produção do festival PoNTI (Porto.Natal.Teatro.Internacional), nas suas edições de 1997 e 1999.
Entre 1998 e 2000, fui membro da direcção da Associação Amigos do Coliseu do Porto, em representação do Ministério da Cultura.
Entre Maio e Dezembro de 2001 exerci o cargo de director de produção de Porto 2001-Capital Europeia da Cultura, regressando depois, nessa mesma qualidade, ao TNDMII.
Em 2003, 2004 e 2005 dei aulas de “produção cultural“ nos III, IV e V Cursos de Pós-Graduação em Gestão Cultural, promovidos pela Associação Portuguesa de Gestão Cultural.
Em 2005 e 2006, dei aulas de Produção e Gestão Cultural aos alunos dos 1º e 3º anos, respectivamente, do Curso de Gestão do Património da Escola Superior de Educação/Instituto Politécnico do Porto
Actualmente, sou, novamente, desde 13 de Setembro de 2002, subdirector do TNSJ.
Em Outubro de 2002, fui residir para Vila Nova de Gaia e apaixonei-me… por ti, SANTA MARINHA.


UM PROJECTO CULTURAL PARA SANTA MARINHA
Intervenção na Assembleia de Freguesia, em 14 de Dezembro de 2005, no período de Antes da Ordem do Dia destinado ao público


Eu venho falar-vos de Cultura. Ou melhor, de um projecto cultural para Santa Marinha. Poderia fazê-lo numa perspectiva de estratégia de crescimento da economia para vos surpreender com as enormes potencialidades da Cultura nesse domínio. Mas como o tempo de que disponho é pouco, prefiro abordar o tema sobre o que ele tem de mais nobre e importante: as pessoas e a sua qualificação.
Todos nós temos consciência de que o desenvolvimento das sociedades passa fundamentalmente pela qualificação das populações e de que esse objectivo é apenas atingível se for orientado por uma partilha solidária de responsabilidades entre os poderes públicos (neste caso a Junta) e os agentes culturais, começando exactamente pela escola, exercendo aí um intenso trabalho de promoção e valorização das artes e da cultura como parte integrante de uma verdadeira política de educação.
Por que, para além de estimular o ensino especial e o apoio pedagógico aos alunos com mais dificuldades; de reivindicar a introdução das novas tecnologias a partir do pré-escolar; de promover o reforço do ensino da língua inglesa; e de exigir uma maior qualidade do ensino e uma efectiva articulação entre a educação e o mercado de trabalho, é também fundamental promover a implementação de uma actividade de ocupação de tempos livres que seja apoiada num programa de formação artística.
Já ninguém tem dúvidas de que a expressão dramática, a dança, o ensino musical e a iniciação a todas as outras artes são “matéria escolar” de vital importância no desenvolvimento ao nível da imaginação, da afectividade, do auto-domínio e do sentido crítico, cujas práticas actuam como poderosas terapias ao nível psicológico, capazes de vencer as complicadíssimas barreiras de comunicação, de relação e socialização, que por vezes a integração no universo escolar provoca em muitas crianças.
Por outro lado, é indispensável que se proceda à realização de iniciativas de carácter intergeracional, que podem passar simplesmente pela organização de idas em grupo a eventos culturais ou pela realização de jogos tradicionais, que tenham como objectivo prioritário promover uma maior aproximação entre gerações, visando a descoberta daquilo que nos une como pessoas e o que nos separa nesta sociedade cada vez mais competitiva e menos solidária.
Por que não é apenas na Escola que nos formamos. Temos muito que aprender, por exemplo, com os menos jovens, através dos conhecimentos por eles adquiridos nas suas experiências de vida; ou nas marcas da nossa história inscritas em cada beco, em cada recanto da freguesia, nas pedras das suas centenárias calçadas, nos seus casarios que remontam a tempos medievais e, claro, nos seus monumentos, que nos ajudam a identificar como povo.
Por isso, para além do dever que temos de manter um olhar atento sobre as condições de preservação do património histórico da freguesia, temos de realizar programas de animação e de promoção que despertem as consciências para a riqueza patrimonial que nos foi legada e que temos como missão transmitir aos vindouros em estado que não nos envergonhe como usufrutuários e fiéis depositários da nossa memória colectiva.
Temos também que dedicar uma especial atenção à defesa da língua portuguesa e à promoção da leitura e da escrita, desenvolvendo programas que contribuam para a difusão da nossa língua, através de bibliotecas itinerantes, feiras do livro, concursos literários, ou a constituição de acervos bibliográficos e a criação de um centro de documentação informatizado para pesquisa e consulta.
Temos ainda que pugnar por um apoio estruturante e sustentado aos criadores locais, acompanhando de perto e de forma critica o trabalho por eles desenvolvido, tanto nos domínios das artes como da investigação, interpretando e mediando as suas reivindicações junto do Município, com a firme convicção de que a descentralização da criação cultural favorece e garante uma maior qualificação das populações.
Temos que promover a construção de objectos artísticos, no domínio de todas as expressões, do cinema ao vídeo, da música à multimédia, da dança ao teatro, da escultura à pintura, da fotografia ao designer gráfico, etc, visando uma implementação real da cultura na freguesia, traçando como objectivo o papel fundamental e crucial das artes e da cultura no desenvolvimento de um povo mais capaz de se interrogar, a si, aos outros e ao mundo.
Para tal, temos que desbravar caminhos que colmatem a inexistência de um “único” auditório na freguesia, através de um plano de emergência que, ao mesmo tempo, abra “auto-estradas” para a construção do “edifício” cultural do amanhã, que ambicionamos se traduza na criação de infra-estruturas, mas também no aprofundamento de conhecimentos tecnológicos que crie condições objectivas para o desenvolvimento de um trabalho estruturante e de futuro.
E aqui não pode deixar de vir à nossa memória uma das muitas promessas dos políticos que governam os destinos do nosso concelho há mais de oito anos. Refiro-me claro ao celebérrimo Centro Cultural de Gaia que nos prometeram instalar nas antigas instalações da Real Companhia Velha! E até agora o que por lá existe é um improvisado parque de estacionamento que nos devia envergonhar como cidadãos, por ser absolutamente indigno da freguesia que queremos ser.
E se não nos mexermos, se ficarmos impávidos e serenos à espera das decisões da Câmara, este cenário não se alterará nunca, caros amigos. Uma das mais recentes notícias vindas a público fala da pretensão do presidente Filipe Meneses de trazer o Portugal Fashion para este lado do Douro. E imaginem lá onde ele se propõe instalar aquele certame de Moda? Exactamente no local onde nos prometeu erguer o Centro Cultural de Gaia. É preciso exigir que se cumpra a promessa da construção do Centro Cultural de Gaia e que se desenhe para lá uma programação eclética, moderna, vanguardista, mas que não ignore a cultura popular. E já agora, que se reclame a recuperação da antiga Fábrica de Cerâmica das Devesas e a sua transformação num Museu e Escola de Artes, que contemple a dupla vertente dos ofícios tradicionais e das expressões artísticas contemporâneas.
Ah, é verdade. A Câmara tirou agora da sua cartola de promessas umas tais Escolas Municipais de Arte, Cultura e Desporto. Mas, por favor, não acreditem na bondade desse projecto, porque, para além de ser elitista e selectivo, apenas ao alcance de uns poucos, tende fundamentalmente a criar meninos-prodígio, pequenos monstrinhos, instruídos para exibir talentos e conquistar troféus e não para servir a comunidade.
Não pensem que estou a pedir que se substituam à Câmara Municipal. Este projecto de que vos falo é exequível e pode ser inscrito no quadro de atribuições de uma Freguesia. É claro que tudo será mais fácil com a colaboração da Câmara, mas a Assembleia de Freguesia e o Executivo da Junta não podem escudar-se em argumentos de falta de apoio camarário para sacudir do capote as suas responsabilidades.
Nestas, como noutras matérias de relevância para o desenvolvimento de Santa Marinha e para a qualificação da sua população, a Assembleia e o Executivo da Junta de Freguesia não podem deixar de actuar com determinação, assumindo por inteiro as suas responsabilidades como servidores das grandes causas públicas. Foi para isso que o povo vos elegeu!!!


DIREITO DE RESPOSTA…
Intervenção na Assembleia de Freguesia, em 28 de Dezembro de 2005, no período de Antes da Ordem do Dia destinado ao público

Não posso deixar de aproveitar algum do tempo que é consagrado ao público, essencialmente para exercer uma espécie de direito de resposta às considerações feitas à minha intervenção na primeira reunião desta Sessão da Assembleia de Freguesia.
Quero começar por dizer novamente ao senhor presidente Joaquim Leite que não me senti nada ofendido ou melindrado pela forma despropositada como reagiu à leitura do documento que apresentei como “Um Projecto cultural para santa marinha”.
E sabe porquê? Porque o senhor presidente não percebeu nada do que eu disse. Caso contrário, não me teria remetido para a Assembleia Municipal ou para uma conserva com o senhor Mário Dorminsky.
O projecto por mim apresentado não tem ambição concelhia, inscreve-se no quadro de competências de uma Junta de Freguesia, ao abrigo da alínea l) do nº.6 do artº.34º. da Lei 169/99, de 18 de Setembro, e é perfeitamente exequível.
Se quiser, eu explico-lhe como na próxima reunião do executivo. Mas não deve querer, porque, pelo que julgo saber, a cultura não é, como nunca foi no anterior mandato, uma preocupação sua.
Recordo-lhe, a propósito, o que disse muito recentemente o novo vereador da cultura: “temos que tirar Gaia do anonimato cultural em que vive”! É ele quem diz, repare bem. Eu apenas assino por baixo.
E espero que sim, que Mário Dorminsky, a quem o dr.Meneses terá prometido há quatro anos um espaço no futuro Centro Cultural de Gaia para lá instalar a cooperativa que ele fundou há 27 anos, seja capaz de cumprir esse desiderato.
Porém, se os seus interlocutores nas Freguesias de Gaia manifestarem tanto interesse pela cultura como a que o senhor presidente evidenciou, não irá longe. A cultura faz-se com cumplicidades e com espírito de missão. Sem arrogâncias!...
Vivemos em liberdade, senhor presidente. Já lá vão mais de trinta anos que a revolução de Abril aconteceu. E não me calo só porque o senhor resolveu tratar-me como se eu fosse um analfabeto funcional.
Pelo contrário, com o seu procedimento, aguçou o meu sentido crítico e fortaleceu a minha vontade de lutar por aquilo em que acredito. A Liberdade, a Cultura, a Educação e a Justiça Social são as bases da minha democracia.
Permitam-me que faça ainda mais dois reparos ao que foi dito nesta Assembleia, no passado dia 14, a respeito da minha intervenção, e que lance um repto ao sr. Joaquim Leite.
O primeiro reparo é dirigido ao senhor deputado Eduardo Pinto, que defendeu com galhardia o extraordinário trabalho que tem sido desenvolvido pelas Escolas de Desporto existentes na nossa freguesia.
Eu não me referia a essas Escolas, senhor deputado. Reportava-me a umas “tais” Escolas Municipais que o dr.Filipe Meneses quer instalar no Concelho, inspiradas, segundo ele, na célebre série “Fame” norte-americana.
Em declarações publicadas no jornal Público, o senhor presidente da Câmara disse que a Escola de Desporto ficará associada ao Complexo de Pedroso. Quanto às Escolas de Arte e Cultura, ainda não se sabe onde ficarão, mas a verdade é que ele ameaça criá-las.
Eu conheço este tipo de Escolas. Nem imagina o que elas representam. Servem para criar “vedetas” e não homens! Naquela “selva” é fomentado o que há de pior na competição. Ali, o que interessa é vencer, vencer, vencer… não importa como!
O segundo reparo é dirigido ao senhor presidente. Tentando eventualmente desvalorizar o interesse ou a oportunidade da minha intervenção, o senhor Joaquim Leite afirmou que já tínhamos falado sobre aquele assunto na reunião pública do executivo no passado dia 6 de Dezembro.
Não é verdade. Nesse dia não vim falar de cultura. Vim expor outros assuntos, que tinham fundamentalmente a ver com o parque de estacionamento da Junta e com os gravíssimos problemas de mobilidade vividos em certos lugares da freguesia.
Para que não subsistissem dúvidas, tomei depois a liberdade de enviar a todos os grupos parlamentares, do CDS/PP ao Bloco de Esquerda, um resumo da minha intervenção nessa reunião.
E agora o tal repto. O senhor Joaquim Leite preside a uma das freguesias mais populosas e envelhecidas do país, de carências gritantes nos mais diversos níveis dos cuidados de saúde e de bem-estar.
Mais ainda: o senhor representa uma população com elevados índices de pobreza e de exclusão social, que espera de si muito mais do que palavras simpáticas, passeios e almoços de Natal.
É por isso que desafio o senhor presidente a instituir 2006 como o ano zero do Apoio Social em Santa Marinha, preparando e estabelecendo parcerias que permitam desenvolver uma verdadeira política de Acção Social para os 4 anos do seu mandato.
Peço-lhe que não me remeta mais uma vez para a Câmara Municipal. Uma Junta de Freguesia não serve apenas, por exemplo, para gerir e conservar lavadouros, promever a reparação de fontanários ou lavrar termos de identidade e passar atestados.
De acordo com a Lei atrás citada, o executivo da Junta tem também outras atribuições, como, por exemplo, comparticipar em actividades de natureza social, cultural, educativa, desportuiva ou recreativa.
E comparticipar não implica forçosamente investimento financeiro. Pode significar apenas capacidade de mobilização da chamada sociedade civil, imaginação, espírito de iniciativa, mais e melhor empenhamento nas Grandes Causas.
Sinceramente, sr.presidente, espero que o Plano de Actividades e o Orçamento que nos vai propor para 2006 dedique uma atenção muito particular às políticas de saúde e de acção social.
E, por favor, peço-lhe que seja mais ambicioso, arrojado e exigente. Reclame da Câmara Municipal uma maior atenção sobre a nossa freguesia e, se for necessário, a delegação de mais competências. Seja firme e reivindicativo!
O senhor presidente já disse publicamente que só está aqui enquanto o dr.Meneses estiver na Câmara. É bonito e fica-lhe bem a solidariedade. Mas é à nossa freguesia e não a ele que o senhor tem de servir. Foi para isso que o povo o elegeu!


QUE 2006 SEJA O ANO ZERO DO APOIO SOCIAL EM SANTA MARINHA
Intervenção na Assembleia de Freguesia, em 11 de Janeiro de 2006, no período de Antes da Ordem do Dia destinado ao público

Primeiro, quero louvar a forma estóica como o público resistiu na passada reunião a quase três horas de discussão sobre um documento que lhe era completamente estranho, embora de fundamental importância para a vida da sua freguesia.
Aceito que o Regimento não permita que o público faça considerações sobre o Plano de Actividades quando este se encontra em fase de apreciação. Alegadamente porque isso compete apenas aos deputados, legitimados para o efeito pelo voto popular.
Já não entendo, contudo, que o público não possa ter acesso a uma cópia de tão importante documento durante a sua discussão e votação em plenário, uma vez que isso facilitaria uma melhor compreensão das intervenções e das matérias em causa.
Apesar de tudo, e graças a algumas intervenções, que certos deputados acusaram de longas e eu prefiro considerar esclarecedoras, nós, o público, lá fomos percebendo algumas coisas.
Ficámos assim a saber, por via da esquerda parlamentar, que em 2006 vamos ter mais do mesmo. Ou seja, que se repetem projectos de intenções e promessas que já duram há quatro anos.
Os deputados da direita defendem obviamente o contrário. Para estes, o Plano de Actividades significa a evolução na continuidade e uma grande aposta em projectos inovadores, designadamente na área da Juventude.
Ora aqui está uma boa nova, pensei eu. E imaginei que os jovens iam ter finalmente na freguesia um fórum de discussão dos grandes problemas que se lhes colocam nos dias de hoje, sobretudo ao nível do emprego, da formação e do conhecimento.
Mas eis que, curiosamente, um jovem deputado do CDS/PP resolveu intervir para dizer que se tem falado demais em Cultura e que não precisamos de um Centro Cultural para nada!...
Afirmou ele: “O importante é a Educação”. E daqui pude concluir que o jovem deputado Filipe Vieira tem uma visão muito redutora de Cultura. Para ele, Cultura parece resumir-se a lazer, entertenimento e artes performativas.
Cultura, caro deputado, é muito mais do que isso! Cultura é a interacção das disciplinas científicas e tecnológicas com os demais saberes disciplinares, técnicos e artísticos, que promove a troca de experiências e o cruzamento de conhecimentos.
E Educação não é apenas a Escola. Educação é sobretudo a Escola, a partir do pré-escolar, desde que se cruzem articuladamente as disciplinas académicas com as mais diversas valências educativas, desde as Artes ao Desporto.
Desporto, sim. E foi exactamente por reconhecer a valência educativa e a importância social do desporto que um outro deputado da sua bancada defendeu o estímulo pela cultura física e pelas actividades desportivas.
E como esse papel tem sido fundamentalmente desempenhado pelo movimento associativo, o deputado Eduardo Pinto veio sublinhar a necessidade de se definir com rigor os critérios de atribuição de subsídios às colectividades.
Confesso que fiquei preplexo, porque pensei que isso já acontecia. Mas, como diz o povo, mais vale tarde do que nunca. E reconhecer essa falha, ao fim de quatro anos de governação, é um acvto de humildade que fica bem a qualquer força política.
Em contraste com esta atitude de dignidade democrática, que devia servir de modelo a todos os que têm assento neste parlamento, tivemos no final da reunião um verdadeiro exemplo de negação da democracia.
Embora exercendo o direito que lhe dá o Regimento, um deputado resolveu utilizar um expediente de baixa política para impedir que os últimos deputados inscritos, um deles por acaso líder do segundo maior grupo parlamentar, usasse da palavra.
Alegadamente com o propósito de abreviar a reunião, em cerca de dez a quinze minutos – note-se, o público ficou assim privado de saber o que pensa o líder do PS sobre o Plano de Actividades proposto pelo executivo da Junta.
Enfim, o Plano de Actividades e o Orçamento para 2006 lá foram aprovados e talvez um dia destes o Executivo torne os documentos públicos para que nós, os leitores, possamos também saber o que a Junta se propõe realizar.
E entre essas realizações peço-lhe, senhor presidente, que não se esqueça dos mais idosos e dos concidadãos mais desfavorecidos, daqueles que são vítimas de exclusão social e dos que vivem no limiar da pobreza absoluta.
Não tenho nada contra os passeios e almoços de Natal, como insinuou há três semanas atrás. O que acho é que é necessário fazer muito mais. É preciso ter ambição e coragem para desenvolver uma verdadeira Política Social!
Mas isso não se faz com os serviços de uma única Assistente Social, por muito competente e dedicada que ela seja, como muito bem sublinhou a deputada Maria Fernanda Almeida.
Para desenvolver essa política é preciso constituir um núcleo de voluntários com saberes nas áreas da solidariedade, do direito e da saúde, capazes de avaliar, diagnosticar e intervir com competência. E intervir como?
- Fazendo um levantamento rigoroso dos focos de miséria e de pobreza envergonhada que se vive na freguesia, caracterizando e identificando as situações mais dramáticas;
- Participando activamente na resolução dessas situações, em conjugação com os demais parceiros sociais da freguesia, através da prestação de serviços de saúde e na oferta de cuidados alimentares;
- Fazendo o acompanhamento domiciliário dos idosos que vivem isolados e padecem de incapacidades físicas, doenças crónicas, problemas de solidão e de exclusão;
- Assegurando tratamentos especiais de cuidados paliativos a cidadãos com doenças terminais, que lhes garantam um fim de vida com o mínimo de qualidade e de dignidade possível;
- Promovenmdo as mais diversas abordagens aos problemas de saúde, não só os voltados para a prestação de cuidados, mas também, e fundamentalmente, para a promoção de estilos de vida saudáveis;
- Implementando medidas que contribuam para a promoção da auto-estima dos mais idosos, ajudando-os a descobrir novas e diversas formas de participação na vida em sociedade;
- Promovendo a prática de actividades lúdicas e desportivas, conjugando o exercício físico com a estimulação criativa mental, fórmula que previne e combate a demência e outras doenças degenerativas;
- etc… etc… etc…
Repito, por isso, os votos que formulei em Dezembro passado nesta Casa:
Que 2006 seja o Ano Zero do Apoio Social em Santa Marinha e que a Junta saiba estar à altura do combate que urge travar em defesa dos valores da solidariedade, da fraternidade e da dignidade humana!