Thursday, November 13, 2008

OS HABITANTES DE SANTA MARINHA TÊM MAIS UMA FACTURA PARA PAGAR EM BREVE

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Estacionar sem pagar nas duas maiores freguesias do coração de Gaia vai ser tarefa quase impossível, a partir de 2009. Mafamude e Santa Marinha vão ficar cobertas com mais 396 parcómetros, que se espalharão por 124 ruas, criando mais 1664 novos lugares pagos na via pública. Ou seja, os moradores daquelas artérias vão ficar sujeitos a uma pesada factura pelo estacionamento dos seus carros, uma vez que só gozarão de isenção nos períodos compreendidos entre as 12h00 e as 14h00 e entre as 20h00 e as 09h00. Fora destas janelas horárias, o consórcio das sociedades ESLI e ESMA, que vão gerir o estacionamento nesta parte do centro urbano da cidade durante vinte (!) anos, não terão contemplações: pagamento ou reboque!

Paralelamente a esta decisão de enxamear a cidade de parcómetros, o executivo de Luís Filipe Menezes decidiu concessionar a construção e exploração de mais quatro novos parques de estacionamento no miolo urbano, com capacidade para acolher 690 veículos. Ou seja, num momento em que a esmagadora maioria dos países do espaço europeu procura restringir o tráfego de viaturas no centro das grandes urbes, de forma a contrariar o aumento da já elevada contaminação do ar, a Câmara Municipal de Gaia incentiva o cidadão “não-residente” a levar o automóvel para o centro da cidade e “obriga” o morador das artérias “parcómetradas” a deslocar-se para o emprego no seu carro, em detrimento da desejável utilização dos transportes públicos.

Acresce que não são apenas os cidadãos em idade activa, moradores naquelas ruas em prédios que não possuem garagem (o que acontece com boa parte dos habitantes do centro da cidade), que se vêem impelidos a sair com os seus veículos no período diurno (para evitar o pagamento de estacionamento). Os residentes aposentados, que utilizam praticamente apenas os seus automóveis para pequenos passeios de fim-de-semana com a família, são também confrontados com a obrigatoriedade de sair com o carro todos os dias às "9 em ponto” para não pagarem a factura de morarem no miolo urbano, onde os níveis de dióxido de carbono registados aconselhariam a adopção de medidas contrárias às que são agora implementadas pelo Município.

Esta “política de parcómetros e parques de estacionamento” que a Câmara decidiu implementar é orientada por uma lógica puramente economicista e absurdamente desenquadrada dos nossos tempos. O Município cede o direito de superfície de quatro propriedades e “vende” o espaço público, que é de todos nós, para que uns quantos privados façam do estacionamento e parqueamento automóvel uma fonte de receita invejável que reverte a favor dos próprios, a troco de uma renda anual. Esta renda pode ser muito interessante para os cofres da Câmara, mas nunca pagará os elevados prejuízos resultantes do aumento da poluição sonora e atmosférica que ajudará a degradar ainda mais a qualidade ambiental do centro da cidade!

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