Friday, October 17, 2008

O CENTRO CULTURAL E RECREATIVO DA BEIRA-RIO GANHOU UM PISO SINTÉTICO MAS CONTINUA SEM PROJECTO SOCIAL

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Ao navegar esta manhã pelo mundo cibernético, dei conta de uma autêntica pérola no site da Câmara Municipal de Gaia. Ora leiam: «O Centro Cultural e Desportivo “Zé da Micha" representa um forte sinal da intervenção maciça de que está a ser alvo o Centro Histórico de Vila Nova de Gaia. Com o piso sintético inaugurado por Luís Filipe Menezes, fica suprida mais uma necessidade do espaço. Depois da valência de ténis de mesa, onde o C. D. Marco tem preparado alguns dos seus campeões, do lar de terceira idade e do centro de enfermagem, o Centro Cultural e Desportivo "Zé da Micha" assinalou mais um capítulo na sua história, ao inaugurar um piso sintético para o seu recinto». Fiquei estupefacto. Lar de Terceira Idade, onde?!...

Para além de rebaptizar o Centro Cultural e Recreativo da Beira-Rio (Zé da Micha) de Centro Cultural e Desportivo, a Câmara de Gaia fala de coisas que não existem. Aquele Complexo não possui, nem nunca possuiu, valência de Lar de Terceira Idade. Quanto muito podíamos considerar que existe uma valência de Centro de Dia, mas para isso seria necessário que as iniciativas que lá se desenvolvem tivessem outro carácter, ou seja, que não se limitassem a proporcionar aos mais idosos os tradicionais jogos de mesa (sueca, damas, dominó…), promovendo, por exemplo, o sentido de coesão de grupo, através do desenvolvimento de estratégias facilitadoras do envelhecimento activo, visando uma vida com mais qualidade e significado.

Um Centro de Dia não é um “depósito”. Um verdadeiro Centro de Dia deve atender às questões de pobreza extrema e criar condições para um eficaz combate ao isolamento, promovendo a participação da população adulta avançada na vida social da comunidade a que pertence, valorizando a importância do indivíduo e do colectivo, estimulando os aspectos de inter-ajuda e de cooperação, e adoptando formas de relacionamento com vista à compreensão dos benefícios da socialização. Um verdadeiro Centro de Dia deve treinar as capacidades mnésicas dos seniores, através de actividades que desenvolvam o pensamento crítico, ao mesmo tempo que se constrói um repositório dinâmico de memórias, de tradições, de hábitos culturais e de experiências vividas.

O Centro Cultural e Recreativo da Beira-Rio também podia ser, mas não é, um verdadeiro lugar de encontro e convívio entre gerações, aberto a todos, sem quaisquer exclusões. Acontece, porém, que boa parte do espaço está interdito a portadores de deficiência. Sim, é escandaloso, mas verdadeiro: os cidadãos deficientes ou com dificuldades de locomoção continuam sem poder aceder ao piso superior daquela infra-estrutura, onde fica situada a sala de convívio dos mais idosos, por falta de um simples elevador!... Será que Luís Filipe Meneses é insensível a este problema? Ele dotou o minúsculo campo de jogos de um piso sintético (o que se saúda) para que os mais jovens pratiquem desporto com melhores condições, mas ignorou a população sénior.

Mas… porquê? Por desconhecimento do que se passa ali? Será que quando foi inaugurar o piso sintético, o presidente da Câmara Municipal não se inteirou das questões que atrás suscito? E será que ele não viu também que a sala destinada ao posto de enfermagem não oferece as melhores condições para a prestação de cuidados de saúde? Aquele espaço precisa de ser reabilitado e dotado dos meios adequados ao serviço que presta, funcionando de forma integrada com um Centro de Dia “à séria”, que não seja um mero “depósito de gente” ou um simples espaço de convívio… apenas para alguns! A verdade é que Menezes e o seu presidente de Junta na freguesia de Santa Marinha continuam a negar-nos um verdadeiro projecto social para a Beira-Rio!...

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