Tuesday, August 12, 2008

A “SILLY SEASON” A NORTE… E AS PARVOÍCES DE MARCO ANTÓNIO COSTA

salvadorpereirasantos@hotmail.com

A “silly season” a norte está este ano muito mais parva do que nunca e tem o seu epicentro na Câmara Municipal de Gaia. Não sei se é de excesso de Sol ou simplesmente de falta de siso, mas alguma coisa não vai bem na cabeça do seu vice-presidente Marco António Costa. Os disparates que tem produzido nas últimas semanas são tantos e tão insensatos que começo a temer pela sua sanidade. Mas o pior é que ele anda por aí, “à solta”, a debitar inconcebíveis parvoíces que apenas comprometem o desejável relançamento das relações institucionais entre os municípios de Vila Nova de Gaia e do Porto, colocando em causa a criação das condições mínimas que permitam a implementação de estratégias articuladas que tenham em vista a afirmação e o desenvolvimento das duas Cidades e da Região Norte.

Recupero duas das parvoeiras. A mais recente surgiu na sequência da manifestação de discordância do autarca de Gaia pelos traçados do TGV Lisboa-Porto em análise, tendo ele defendido que a estação terminal a norte fique instalada em Gaia, no prometido futuro interface da rede rodoviária com a linha do metro em Laborim, em detrimento de Campanhã, no Porto. E antes que alguém pudesse pensar que ele estava a brincar, Marco António Costa ameaçou reagir judicialmente, inclusive com recurso aos tribunais europeus, se o traçado da Rede de Alta Velocidade atravessar o centro de Gaia em direcção à Invicta. O assunto não mereceu qualquer comentário do presidente da Câmara do Porto, que, segundo consta, ainda se encontra em estado de choque com as três pontes que o autarca do concelho vizinho quer construir sobre o Douro…

Recordo que o anúncio da construção de três novas pontes, unindo Gaia e Porto, foi feito por Marco António Costa, à revelia de Rui Rio, cerca de duas semanas antes daquele reclamar a estação terminal do TGV para Gaia. Só por essa razão é que uma das novas travessias sobre o Douro, constante do pacote de pontes apresentado pelo vice de Luís Filipe Menezes, prevê que o comboio de alta velocidade demande à cidade do Porto por uma nova via sobre as duas margens do rio, com função ciclo-pedonal e ferroviária! E imagine-se onde queria ele erguer esta nova ponte: exactamente entre o morro do Palácio de Cristal e o Castelo de Gaia!!! Eu nem queria acreditar, mas é verdade. A culpa deve ser da “stilly season”. Se o homem não estivesse “possuído” por um estúpido ataque de parvoíce, não lhe ocorreria tamanho disparate!...

O Castelo de Gaia constitui uma estação arqueológica de grande valor. O resultado das escavações realizadas, entre 1999 e 2001, fazem prever que os vestígios existentes serão peças determinantes para um melhor conhecimento das nossas origens e das transformações ali operadas ao longo dos tempos. O lugar está carregado de simbolismo e misticismo, repleto de vestígios de uma história que remonta a tempos medievais. Por ali passaram romanos, muçulmanos, galegos e outros povos, que se desvendam nas marcas do Castelo, que foi completamente desmantelado pelas gentes do Porto, em 1386; na Capela do Bom Jesus de Gaia, que foi sede episcopal dos Suevos; ou na Fonte que se “esconde” na Quinta do Conde de Campo Bello, pertença dos descendentes dos senhores de Gaia, linhagem iniciada por Álvaro Anes de Cernache…

Acredito que, em termos gerais, o património cultural é uma matéria consensual, porque, normalmente, ninguém põe em causa a importância da sua defesa e valorização. Mas já o mesmo não ouso dizer dos actos que estão na base da sua salvaguarda, nomeadamente durante a… “stilly season” ou quando os poderes de decisão estão nas mãos de gente ignorante e insensata!!!... Tendo em consideração que o património fornece dados para nos situarmos em relação ao passado quando, muitas vezes, já nada resta dele, a sua preservação assume um papel de grande importância. Não só porque o passado é recuperado, como também são enaltecidas e estimuladas as actividades e expressões culturais capazes de se converterem num instrumento ao serviço do fortalecimento da construção de uma identidade simbólica da sociedade.

Por outro lado, a relação do património com as indústrias culturais e criativas é hoje sinónimo de progresso económico sustentável, com reflexos na qualidade de vida das populações. Recordo que, na opinião dos insuspeitos técnicos da Parque Expo que elaboraram o tão celebrado e frequentemente evocado “Masterplan” para o Centro Histórico, «os vestígios arqueológicos do Castelo de Gaia, a morfologia do terreno e o respectivo sistema de vistas assumem-se como as grandes potencialidades desta área, justificando a reabilitação do edificado existente e a qualificação do espaço público como forma de revitalização da zona», ao mesmo tempo que sublinham «a riqueza paisagística da Quinta do Conde de Campo Bello», onde sugerem «o desenvolvimento de novas actividades, nomeadamente associadas ao turismo».

Convém entretanto referir que o Estudo/Diagnóstico efectuado pelos técnicos da Parque Expo assenta em valores e princípios transversais a todo o Centro Histórico de Gaia, do qual relevo as suas seguintes conclusões: «A dimensão ambiental e paisagística deve ser assumida como um valor fundamental da estratégia de reabilitação (…). No que respeita à dimensão patrimonial e cultural, consideramos fundamental garantir a valorização e o reforço da identidade única do território através da revitalização e reabilitação do património, em todas as suas vertentes: natural, histórica, cultural e económica (…). No que respeita à dimensão sócio-económica, haverá que criar condições para promover a fixação da população, designadamente através da reabilitação das áreas habitacionais existentes (…)». Depois disto, mais palavras para quê?!...

Resta-me a esperança de que o Verão não traga novas parvoíces dos lados da Câmara Municipal e que o siso se instale de vez na cabeça das pessoas que têm assento na vereação, antes que a insensatez degenere em loucura e esta contribua para a destruição de um dos nossos mais ricos patrimónios culturais. Espero muito sinceramente que não surja mais nenhuma ideia peregrina para o Castelo de Gaia, que ignore o que atrás fica exposto. E, já agora, antes que cometam qualquer disparate irreversível, aconselho Marco António Costa e os seus pares a debruçarem-se sobre um trabalho produzido em 2003 pela arqueóloga Teresa Pires de Carvalho para a Revista Ciências e Técnicas do Património, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a que podem aceder clicando em http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2944.pdf.

2 Comments:

Blogger ASGuimaraes said...

....são tantas as parvoices desse senhor uma delas foi afirmar a um jornal que não estava muito preocupado com o realojamneto das pessoas que saíram do centro historico porque este nunc foi densamente povoado afirmaçao ridicula de quem n conhce a realidade da terra onde exerce um certo poder autarquico....assim dar a a uma empresa de electricidade o exclusivo de serem eles a iluminar as pontes sob o douro adivinhem de onde é essa empresa de VALONGO e de o nde veio o sr marco antonio (minusculas de proposito) antes de ser autarca em gaia e ser inImigo do SRº FILIPE MENESES, da Camara de Valongo esquisito ni minimo mas tudo bem.....

5:21 PM  
Blogger ASGuimaraes said...

Talvez comecem a ser um pouco monotonos os meus comentarios, mas o seu blog tem o condao de me fazer ouvir estamos em sintonia em quase tudo.... refere-se va´rias vezes AO TRABALHO DO EXECUTIVO da Junta de Freguesia bem como AO DO seu presidente(minusculas de próposito) caro amigo esse executivo esse presidente sao uma nulidade não prestam estão atrasados no que é dirigir modernamente uma populaçao sao caciques são ridiculos....

3:53 AM  

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