Saturday, April 14, 2007

AS PONTES E… OUTRAS “PONTES” PARA UM AMANHÃ COM FUTURO

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Quando no meu ”post” de 29 de Março prometi voltar a falar das Pontes (e de outras “pontes”…) que nos ligam ao Porto e estreitam a nossa relação com toda a Região Norte do País, estava longe de imaginar que três ex-alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) viriam a vencer o Prémio Secil Universidades 2006 com um Projecto para a Reconstrução da Ponte Pênsil, entre as ribeiras de Gaia e do Porto, que prevê o aproveitamento dos pilares da antiga Ponte, introduzindo novos materiais, como vidro laminado e carbono, e desenvolvendo uma técnica inovadora que melhora o seu comportamento dinâmico.

Para além de permitir a construção de uma travessia pedonal “transparente”, que não afecte a imagem da Ponte contígua, a centenária D. Luiz I, e a resolução dos problemas de circulação pedestre entre Gaia e Porto à cota baixa, o Projecto agora premiado recupera a velha Pênsil e reaviva a memória da tragicamente célebre Ponte das Barcas (construída em 1806, de forma artesanal, feita com uma série de barcas postas lado a lado e amarradas umas às outras), que, em 1808, arrastou para o fundo do Douro largas dezenas de populares que fugiam das tropas francesas que haviam invadido a cidade do Porto, quando uma das barcas que tinha sido desamarrada pelos invasores se soltou.

Recorde-se que foi daqui, da então Vila de Gaya, que o Duque de Wellington comandou as tropas que libertaram a cidade do Porto do cerco francês, a partir do Mosteiro da Serra do Pilar. Mosteiro que mais tarde serviu também de Quartel General aos soldados comandados por General Torres, à ordem de D.Pedro V, na resistência às tropas Miguelistas. Foi, aliás, na sequência da vitória dos Liberais e das reformas do liberalismo que Vila Nova e Vila de Gaya se fundiram, dando origem à Vila Nova de Gaya, em 20 de Junho de 1834. Enfim… pedaços da nossa História, que têm a margem esquerda do Douro como heroína libertadora.

No lugar da Ponte das Barcas nasceria, em 1842, a Ponte Pênsil, que, hoje, passados que são 165 anos, três jovens engenheiros (Joana Teixeira, Hugo Pinto e António Pedro Braga) sonham recuperar. A ponte por eles idealizada teria um custo estimado de 2,36 milhões de euros, sendo que a maior parte do investimento destinar-se-ia aos cabos de suspensão do tabuleiro de atravessamento. Este projecto não está ainda, porém, em condições de ser executado, «faltam-lhe estudos prévios profissionais, mas tem viabilidade», conforme atesta o professor do Departamento de Engenharia Civl da FEUP Álvaro Azevedo, em declarações à Agência Lusa.

A nova Ponte Pênsil, uma travessia transparente, «uma obra invisível para quem a observa de longe, mas marcante para quem a atravessa», como se pode ler na memória descritiva do Projecto (consultem www.alvaroazevedo.com/pensil), é extremamente económica e tecnicamente viável. Como viável será (e bem mais fácil, do ponto de vista técnico… muito mais económico em termos de investimento e com grandes potencialidades de obtenção de retornos imediatos no plano financeiro, face ao seu elevado interesse turístico) desenhar um Programa Cultural que Recupere e Recrie a Historia das duas antigas Pontes (das Barcas e Pênsil). Um Programa que faça “pontes” para uma verdadeira Política Cultural em Vila Nova de Gaia que não seja apenas um somatório desgarrado de “eventos performativos ou expositivos”!...

Prometo que voltarei em breve a falar de Pontes (temos seis e precisamos de sete ou mais!) e de “pontes”… para um amanhã com futuro.

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