Thursday, April 26, 2007

CENTRO HISTÓRICO DE GAIA: DE PROJECTO EM PROJECTO… ATÉ À CAMPANHA ELEITORAL!!! (PARTE XII)

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Hoje vou tentar passar a “pente fino” a sexta UOR (Unidade Operativa de Reabilitação) do “Masterplan”, que se debruça sobre o Jardim do Morro e o Mosteiro da Serra do Pilar, dois pólos de atracção por excelência que vivem de costas voltadas, sem um programa integrado que optimize as potencialidades conferidas pela beleza e magnificência de ambos, tanto em termos puramente turísticos como do ponto de vista do seu pleno usufruto pelas comunidades locais como espaços de cultura, lazer e convívio, uma riqueza ímpar que tem sido completamente descurada pelos nossos responsáveis autárquicos, tanto a nível municipal como em sede de Freguesia.

Depois de Luís Filipe Meneses ter falado num mirabolante e inexplicável Projecto consubstanciado num Restaurante escavado (!...) no Mosteiro, de que nunca mais ninguém ouviu falar, a Câmara Municipal lançou recentemente um concurso público internacional de concepção, construção e exploração de um Teleférico que ligará o Jardim do Morro ao Cais de Gaia. E para tornar o concurso “mais atractivo”, o Executivo camarário decidiu juntar-lhe a concessão da exploração de lugares de estacionamento pago na via pública na envolvente ao Jardim do Morro e de espaços comerciais (?...) em áreas não determinadas no Caderno de Encargos.

Nada me move contra o Teleférico. Sobre o projecto em si, lamento apenas que ele acabe por ser amputado do que tinha de mais importante e grandioso. Como sabem, a ideia original previa uma ligação entre Porto e Gaia (Serra do Pilar-Alfândega do Porto) e nasceu no ano de 1999, ainda durante o mandato do socialista Nuno Cardoso na Câmara portuense. Para além de lastimar esta oportunidade perdida de unir as duas margens, por falta de articulação e entendimento entre os PPD’s Meneses e Rio, contesto ainda a forma como se desbarata o extraordinário património público que representa o Jardim do Morro, hipotecando-o no que ele tem de mais nobre.

Em vez de garantir a recuperação da dignidade do Jardim do Morro e da sua centralidade na vida dos cidadãos, funcionando como verdadeiro ponto de encontro e de convívio e como espaço integrador, de cruzamento e interacção de diversos públicos heterogéneos e de diferentes gerações, apoiado por bons equipamentos e mobiliário urbano que permitam diferentes utilizações por crianças e adultos, o que pretende a Câmara? Simplesmente isto: entregar a privados a gestão de um espaço verde de utilização pública, privilegiado em termos de acessos e de vistas, como “isco atractivo” para um negócio já de si altamente lucrativo para o “investidor”, sem cuidar dos verdadeiros interesses da população.

Como já tudo me parece possível, devido à “louca febre de privatização” que vem minando e tolhendo a sensatez dos homens que gerem a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, espero que esta concessão da utilização privativa do domínio público à empresa que construir e explorar o Teleférico não seja extensiva à anunciada requalificação do Mosteiro da Serra do Pilar. Ou será que o “estranho” Restaurante escavado no Mosteiro com que sonhou o presidente Luís Filipe Meneses se transformará no nosso próximo pesadelo? Não quero crer! Na verdade, tal propósito não me parece que tenha qualquer enquadramento no conjunto dos projectos “esboçados” no “Masterplan”, mas…

Por outro lado, a Ministra da Cultura garantiu já a recuperação do Mosteiro da Serra do Pilar, em estreita articulação com o Ministério da Defesa, prevendo-se que o Museu Militar venha a ser transferido a breve prazo para aquele local, ocupando o Claustro e as áreas circundantes («… passando, desde modo, os terrenos do Convento da Serra do Pilar a constituir elemento relevante dos circuitos turísticos de Vila Nova de Gaia, nomeadamente pela panorâmica oferecida pelo zimbório do Convento», como defende a Parque Expo no seu Estudo de Enquadramento Estratégico para o Centro Histórico, onde propõe a integração do Instituto de Geofísico da Serra do Pilar na rede meteorológica nacional, reabilitando o seu espaço exterior e abrindo-o à utilização pública). Mas... Será que a Câmara tem a ousadia de fazer tábua rasa do “Masterplan”?

Cuidado, senhor presidente Meneses: a requalificação do Centro Histórico de Gaia (com ou sem Teleférico) não pode ser feita a qualquer preço! Senão ainda corremos o risco de ficar com o “Centro”... mas sem o Histórico!!!

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