SANTA MARINHA, MEU AMOR

Wednesday, February 21, 2007

AS ESCOLAS DO CONCELHO… E DE SANTA MARINHA – UMA TRISTE REALIDADE !

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Após nove anos de governação “menesista”, a Câmara Municipal de Gaia reconhece finalmente: perto de trinta por cento do parque escolar municipal encontra-se em estado considerado MAU e apenas cerca de vinte por cento se encontra em boas condições. Por outro lado, o Executivo de Meneses admite que só treze por cento das escolas possuem sala de biblioteca, cerca de vinte por cento delas não têm equipamentos para a prática de actividades desportivas e não existe ensino artístico em Gaia. Para que não restem dúvidas, convém esclarecer que isto não é “paleio” dos partidos de oposição à coligação PSD-CDS/PP. Trata-se de uma súmula do que se pode ler na Carta Educativa elaborada pela própria edilidade!

Só no que concerne às Escolas do Primeiro Ciclo e aos Jardins de Infância, a Carta Educativa de Gaia denuncia que setenta e oito por cento dos Edifícios não estão preparados para as necessidades pedagógicas actuais, nem para prestar apoio necessário à componente social, sendo que a Câmara detém 128 desses Estabelecimentos… e revela que a rede privada é incipiente! Como consequência, a edilidade “ameaça” desactivar vinte e seis Escolas por falta de condições. E, a pensar na adequação do parque escolar às actuais necessidades do Concelho, o Executivo de Meneses propõe-se executar obras de ampliação e de remodelação em 27 Estabelecimentos de ensino, construir oito Escolas novas e reconverter duas Escolas EB 2,3 em Equipamentos do Primeiro Ciclo.

Segundo estudos da própria Câmara, aquele programa determina a realização de investimentos na ordem dos 22 milhões de euros, que a autarquia se propõe concretizar através da celebração de parcerias público-privadas… Acontece, porém, que, como todos nós temos consciência pelo saber de experiência feito, em estruturas prestadoras de serviços públicos, como o ensino, este tipo de parcerias tem invariavelmente um único saldo final: o sector público assume o risco dos passivos, enquanto os privados são ressarcidos das despesas realizadas, a que acrescem normalmente “juros” altíssimos, suportados por todos nós, claro – os munícipes! –, através de novas taxas ou… pagando mais caro a educação dos nossos filhos.

Entretanto, de acordo com a Carta Educativa de Gaia, no caso concreto da Freguesia de Santa Marinha, desaparecerão brevemente o Jardim de Infância e a EB 1 da Serra do Pilar, o mesmo acontecendo com a EB1 (com Jardim de Infância) da Viterbo Campos. Por seu lado, a EB 2,3 de Santa Marinha (Choupelo) será reconvertida em Equipamento do Primeiro Ciclo. Como “contrapartida” por estes desmandos que põem em causa a Escola de Proximidade, de cujas vantagens em termos pedagógicos e sociológicos já ninguém parece ter dúvidas, sobretudo a nível dos primeiro e segundo ciclos, a Câmara Municipal “acena” agora com uma mega EB 1 (com Jardim de Infância) na VL9.

Sublinhe-se que, no que se refere à Escola da Serra do Pilar, até a marioneta “menesista” de Santa Marinha já veio a terreiro dizer: «A verdade é que não me passa pela cabeça que uma escola que pode e está a funcionar como modelo (...), que é um orgulho para nós, possa ser extinta. Mas nós vamos acreditar que não será, pois fizemos perceber ao vereador (Firmino Pereira) do interesse daquela escola no meio onde se enquadra. Trata-se de uma escola onde impera uma boa organização e disciplina». Será que as marionetas já se começam a libertar das cordas “umbilicais” que os ligam ao bonecreiro condómino da Casa da Presidência?... ou tudo não passa de mais uma fantochada para enganar os incautos?!...

A avaliar pelas declarações do “homem de mão” de Meneses em Santa Marinha, sou levado a concluir que a Câmara Municipal elaborou a seu “bel prazer” a Carta Educativa sem se dar ao cuidado de ouvir previamente os presidentes de Junta, professores e pais, partes interessadas em todo o processo e parceiros privilegiados no diagnóstico da situação real que se vive em cada parcela do Concelho. Ou então, caso os tenha ouvido, limitou-se a “fazer ouvidos de mercador” – o que tem caracterizado a prática política do Executivo em todas as matérias de relevante interesse para Vila Nova de Gaia e para a Freguesia de Santa Marinha em particular. Até quando é que os gaienses e os santamarinhenses vão deixar que isto aconteça?...

Friday, February 16, 2007

CENTRO HISTÓRICO DE GAIA: DE PROJECTO EM PROJECTO… ATÉ À CAMPANHA ELEITORAL!!! (PARTE IX)

salvadorpereirasantos@hotmail.com


No meu “post” de 28 de Dezembro, questionei a natureza e vocação do Auditório que se pretende construir no futuro Centro “Cultural” de Gaia, prometendo ficar atento à apresentação pública do respectivo projecto arquitectónico. Não foi preciso esperar muito. As últimas notícias confirmam os meus piores receios. O “projecto” é uma aberração e um verdadeiro atentado à coisa pública. Para além do empreendimento ser, no seu conjunto, um crime de lesa património, o tal “Auditório de 500 lugares” que faz companhia a um hotel, vários restaurantes “fast food” e outros estabelecimentos comerciais, treze cinemas (com pipocas, claro, lá terá de ser!...), um parque de estacionamento, etc. etc., não terá os requisitos mínimos para receber produções cénicas ou performativas de média escala.

Voz amiga segredou-me que o “projectado” Auditório, que substitui o «espaço para espectáculos capaz de albergar duas mil pessoas» prometido por Luís Filipe Meneses no Livro “1997-2001 Quatro Anos Depois”, editado pela Câmara Municipal de Gaia em inícios de 2002, e que o presidente da edilidade teve a gentileza de me oferecer na ocasião com «estima pessoal», não prevê Teia, Urdimento e Varas, Sub-Palco e Palco com Coxias e Quarteladas, Salas de Ensaio ou mesmo Camarins!... Creio que qualquer cidadão minimamente informado sobre as “coisas” do espectáculo perceberá o disparate em causa. Porém, o mesmo parece não suceder com os “donos da obra” e com os técnicos ao seu serviço, que não perdiam nada em frequentar um curso de especialização em Arquitectura e Engenharia de Cena!...

Perante este cenário, e a menos que o bom senso impere e se reformule todo o “projecto”, impedindo assim que a lógica de mercado se sobreponha ao interesse público de que se reveste a indispensável conjugação da preservação da memória do Espaço com a qualidade de vida das populações e a promoção da modernidade no Centro Histórico de Gaia, acautelando igualmente as condições mínimas que permitam ao Auditório ser palco de todos os tipos de espectáculos, desde a Dança à Música, do Teatro ao Novo Circo, do Vídeo à Multimédia… ou a projectos Pluridisciplinares, estaremos condenados a uma total subversão dos valores que devem presidir a um emprendimento desta natureza. Que nos valha o IPPAR!...

Thursday, February 08, 2007

CENTRO HISTÓRICO DE GAIA: DE PROJECTO EM PROJECTO... ATÉ À CAMPANHA ELEITORAL!!! (PARTE VIII)

salvadorpereirasantos@hotmail.com


No meu “post” de 9 de Janeiro (PARTE VI desta “saga” sobre o Centro Histórico a que me propus dedicar algum do meu tempo), chamei a atenção para o abandono a que se encontra votada a estação das Devesas, a necessitar urgentemente não só de obras de reabilitação dos seus equipamentos e infra-estruturas mas igualmente carenciada de uma profunda reestruturação dos serviços de atendimento e recepção aos utentes da CP, com valências que tenham em conta a importância estratégica da Gare e Zona Envolvente na divulgação e afirmação das potencialidades turísticas de Vila Nova de Gaia, situação que tanto a Refer como a Câmara Municipal têm descurado ao longo dos tempos.

Vem agora o presidente da Câmara Municipal de Gaia, passados que são mais de nove anos de governação autárquica, afirmar (nos jornais!!!) que «a Estação das Devesas é um pardieiro indigno», insurgindo-se contra o seu estado de degradação e sublinhando a necessidade de «pôr cobro à vergonhosa situação» que ali se vive. E, como se estivesse isento de quaisquer responsabilidades no caso, Luís Filipe Meneses anunciou que os serviços municipais irão fiscalizar a Gare e notificar a Refer para que proceda à demolição de imóveis e equipamentos desactivados, bem como à realização de obras de requalificação do Espaço.
É preciso ter lata!

Por outro lado, tentando alijar as responsabilidades da edilidade no estado lastimável a que chegou a Estação das Devesas, o vice-presidente Marco António Costa revelou que a Câmara Municipal apresentou à Refer, «no ano passado» (sic), um projecto de requalificação da zona envolvente da Gare, que previa «o reperfilamento da Rua de Pinto Valente, a demolição de um armazém e a repavimentação do parque de estacionamento». Apenas isto, senhor vice-presidente? Que falta de imaginação!... E só o ano passado porquê, se aquelas intervenções deveriam ter carácter de urgência e ser conjugadas com a realização de outras obras que são da exclusiva responsabilidade do Município?!
É preciso ter lata!

Bom, mas já agora que o Executivo liderado por Luís Filipe Meneses tem a “bondade” de se preocupar finalmente (no seu terceiro mandato!....) com as Devesas, é legítimo e pertinente que lhe pergunte se também pretende escamotear a verdade sobre o estado calamitoso a que chegou o complexo da antiga Fábrica de Cerâmica, arremessando as culpas para cima de terceiros? Ou será que a autarquia tem a coragem de se assumir, face à sua inépcia (ou inércia?) e incompetência (ou desleixo?), como carrasco de um património raro e de riqueza inestimável, que deveria ser aproveitado como extraordinário meio de atracção e valorização do Centro Histórico de Gaia?
Haja decoro!