Monday, May 07, 2007

OS COMBOIOS ALFA PENDULAR E INTERCIDADES VÃO DEIXAR DE PARAR NAS DEVESAS... A CÂMARA DE GAIA E A REFER CONTINUAM DESAVINDAS… E O POVO É QUE PAGA!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Os comboios Alfa Pendular e Intercidades da Linha do Norte vão deixar de parar na Gare das Devesas. Segundo tudo indica, esta decisão, a confirmar-se, resulta de um inquérito feito nas últimas semanas pela CP junto dos utentes daqueles serviços, que terão optado na sua esmagadora maioria pela transferência da paragem dos comboios rápidos em Gaia para a Estação de General Torres, alegadamente por ser mais central e permitir uma ligação mais directa e eficaz com o Metro e com os restantes serviços de transportes públicos do Concelho. Fonte fidedigna garante que este desiderato aguarda apenas ratificação por parte da Refer.

Há quem “leia” esta decisão apenas como mais um capítulo do folhetim “telenovelesco” que tem oposto o edil Luís Filipe Meneses aos responsáveis da Refer, mas não deixa de ser verdade que a utilização da Estação de General Torres como ponto de paragem dos comboios expresso traz vantagens acrescidas para a população de Vila Nova de Gaia. De facto, o anunciado prolongamento para breve da linha amarela do metro até Laborim e o há muito prometido passe intermodal a criar pela futura Autoridade Metropolitana dos Transportes, assente numa política integrada de transportes públicos do Grande Porto, aconselha a implementação desta medida.

Espero, porém, que esta decisão não inviabilize ou condicione a intenção já manifestada pela Refer de proceder finalmente a obras de requalificação da Gare das Devesas nem seja motivo para a Câmara Municipal continuar a adiar “sine die” a reabilitação da zona envolvente, nomeadamente “a intervenção de salvação de património histórico” que há muito se reclama para o Complexo Fabril. Assim como desejo que seja definitivamente encontrada uma solução equilibrada para o conflito que opõe aquela empresa à edilidade no que respeita ao desenvolvimento do processo de construção da Via Circular do Centro Histórico, colocando à frente de eventuais querelas pessoais o interesse público.

É verdade que um protocolo celebrado em 2003, entre a Refer e a Câmara, estabelece a concessão à edilidade, por 25 anos renováveis, de um canal ferroviário desactivado a norte da Estação de General Torres. Mas o que acontece é que aquele acordo dá à Refer a possibilidade de acabar com a concessão a qualquer momento sem que a Câmara tenha direito a indemnização pelas obras feitas, desde que o troço seja "imprescindível para o serviço público ferroviário". O executivo liderado por Luís Filipe Meneses fez “vista grossa” daquela condicionante e partiu para a construção da Via Circular do Centro Histórico sem providenciar a renegociação do clausulado neste particular.

Ninguém tem dúvidas da importância da construção daquela infra-estrutura rodoviária, que se propõe ligar as ruas Serpa Pinto e General Torres às rotundas da VL8 (Devesas) e da VL9. Mas é necessário primeiro saber que uso se propõe dar a Refer ao antigo túnel ferroviário até agora desactivado, que a Câmara pretende utilizar. Pode muito bem acontecer que o alcance do projecto em estudo (?) na empresa ferroviária aconselhe a construção de mais 50 metros de viaduto (é esta a extensão que está em causa!...) por parte da Câmara, para a conclusão da Via Circular, em vez de inviabilizar todo o canal que liga o tunel da Estação de General Torres à Ponte Maria Pia. Quem sabe?...

Será que só saberemos verdadeiramente o que se passa nas barras dos tribunais? Por que será que a Câmara e a Refer não se entendem? Sem diálogo, sem eventuais cedências mútuas ou partilha de responsabilidades, quem fica a perder são os cidadãos. Em vez das partes dirimirem o litigio em tribunal por que o não fazem em sede de concertação negocial, assumindo cada uma delas a missão de serviço público que lhes compete?… Para começar, podiam entender-se quanto à implementação de uma política de segurança, vigilância e acessibilidade nas Estações e Apeadeiros ferroviários do Concelho e nas respectivas zonas envolventes.

No caso concreto da Estação de General Torres as questões que se colocam vão para além da falta de um sistema de vigilância eficaz e de um policiamento fiscalizador e dissuassor de assaltos e de actos de vandalismo, que se tornam cada vez mais frequentes. Faltam elevadores e rampas que permitam a mobilidade de cidadãos portadores de deficiência e de passageiros com cargas pesadas ou com carrinhos de bebés. Isto para não falar do desconforto, do aspecto desolador, triste e inóspito da Gare, e da inexistência de oferta de serviços de atendimento aos utentes. Será que vamos continuar a sofrer na pele os resultados da falta de diálogo e entendimento de duas entidades que têm por missão servir-nos… bem?!

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