Wednesday, July 25, 2007

AS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS DA CÂMARA DE GAIA… E A DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA SERRA DO PILAR

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Soube há dias pela comunicação social que a Câmara Municipal se afirma muito preocupada com os elevados níveis de dióxido de carbono (CO2) emitidos em Vila Nova de Gaia. Por essa razão, decidiu implementar recentemente uma experiência piloto no que toca à iluminação pública, baseada fundamentalmente em reguladores de fluxos de energia, na zona da Serra do Pilar. O que é curioso, caricato e paradoxal, é que naquele lugar os problemas de salubridade mais básicos continuam ainda por sanear e a consolidação dos elementos naturais e a regularização do quadro edificado permanecem sem solução à vista, devido à insensibilidade do Município para estas questões de natureza… social e ambiental. Mas, enfim…

Diz entretanto o vice-presidente Marco António Costa que a edilidade irá brevemente desenvolver em todo o concelho o sistema testado na Serra do Pilar, o que evitará a emissão de 3.400 toneladas/ano de CO2 e proporcionará uma economia anual de 630 mil euros aos cofres da autarquia. Segundo o número dois do executivo de Menezes, o sistema agora adoptado, que inclui a implementação de um sistema de monitorização e controlo para adequação da luminosidade às necessidades reais, bem como uma gestão optimizada de toda a rede, comprovou a sua eficácia noutros países e, pela primeira vez, será implementado num município português. Deste modo, diz ele, a Câmara de Gaia ajudará o país a cumprir os objectivos estabelecidos pela União Europeia.

As alterações climáticas constituem, de facto, o desafio mais importante das próximas décadas no domínio do ambiente. Por isso, a União Europeia definiu como objectivo evitar que a temperatura global aumente mais de dois graus acima do nível da era pré-industrial. O que significa que, até 2020, o mundo tem de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 20%, nomeadamente o CO2 que emitimos quando queimamos combustíveis fósseis. Em resultado dessas preocupações, foi assinado o Protocolo de Quioto, que acabou, no entanto, por ter um efeito perverso, porque permite que os países mais ricos e mais poluentes “comprem” aos países mais pobres as emissões de gases que estes não produzem.

Apesar de começar agora a enfrentar com alguma seriedade a situação, o nosso país tem sido um dos “compradores” de emissões de gases com efeito de estufa. E Marco António Costa graceja com a gravidade do problema ao dizer que se Portugal falhar no cumprimento das normas estabelecidas pela União Europeia, não será por culpa de Vila Nova de Gaia. Para dar como exemplo de lição da autarquia ao governo da Nação em matéria de ambiente, o vice de Menezes exibe os seus inegáveis dotes de humorista ao afirmar que a edilidade se propõe investir cerca de três milhões de euros num sistema que visa optimizar os consumos de energia na iluminação pública... Como se a questão das alterações climáticas se resolvesse simplesmente com a poupança de energia!...

Mas não, não basta poupar energia. É absolutamente necessário implementar uma política ambiental séria, estruturante e sustentada. Uma política que fomente a energia solar e generalize o seu uso nos edifícios públicos e privados; que aumente a eficiência energética nos edifícios, desde a fase do projecto, ou em processos de reabilitação do edificado; que proteja as áreas rurais, agrícolas e florestais; que crie grandes espaços verdes públicos, zonas onde o carbono é fixado e reciclado pelas plantas; que tome medidas que contrariem o domínio do automóvel e garanta uma rede concertada, confortável e acessível de transportes públicos, conjugando, assim, energia e território, numa abordagem integrada com visão de futuro, etc, etc…

Na verdade, Vila Nova de Gaia tem todas as condições para se transformar num Concelho Verde, com mais qualidade de vida. A começar pela Serra do Pilar, onde a Câmara testou um novo sistema de poupança energética, mas insiste em ignorar os enormes e graves problemas ambientais (e sociais) que por lá se vivem… e se sofrem há tempo de mais!!! As agressões ao meio ambiente e à dignidade da pessoa humana fazem parte do quotidiano local sem que se conheça um projecto ou um plano estratégico que vise acabar com esta degradante situação. Chega, senhor Marco António Costa! Faça uma política séria e consequente, combata com coragem, seriedade e determinação os problemas ambientais e sociais do município… e deixe-se de graçolas!

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