Wednesday, June 13, 2007

O CONVENTO CORPUS CHRISTI GANHA UMA NOVA PORTA… PARA UM FUTURO QUE A SUA HISTÓRIA NÃO MERECIA!!!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Desculpem, mas não consigo calar a minha indignação. Não posso deixar de reforçar o meu mais vivo repúdio pela decisão criminosa da Câmara Municipal de Gaia de destruir a “memória” da ala poente do Convento Corpus Christi, para lá instalar os serviços técnicos e administrativos da Gaiurb. Ali, onde, em 1940, se realizou a última grande intervenção de um monumento fundado em 1345, a que estão ligados a fidalga de Gaia Maria Mendes Petite, o alferes da bandeira da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota Álvaro de Cernache, as Ordens de São Domingos e do Bom Pastor, a Fundação Manuel Pinto da Fonseca e a Ordem Soberana e Militar de Malta, Luís Filipe Meneses mandou avançar o camartelo para acabar de vez com a sua história!

Mas que importância tem a história, não é, senhor presidente? O que é preciso é deixar obra, muita obra, nem que para isso se tenha que escavacar o nosso passado, mandá-lo às urtigas! Que importa a auto-estima de um povo, o enriquecimento da sua capacidade critica, o aumento da sua sensibilidade criativa e a concretização da sua realização plena, tanto a nível social como cultural?... Para o senhor presidente da autarquia de Gaia nada disto tem qualquer valor… A obra que vale a pena é aquela que dá lucro aos milhões ao grande capital e enche o “olho” aos defensores do betão e aos que vivem dele sem quaisquer preocupações históricas, ambientais, paisagísticas ou arqueológicas. São boa parte desses senhores que passarão a entrar no Convento por uma portinha de serviço a instalar na rua Serpa Pinto. Vá lá, vá lá, que não têm o desplante de entrar pela porta principal!

Mas não é a porta por onde se entra que está em causa. O que está em questão é a razão da entrada. Que bom seria que as portas do Convento se abrissem apenas por razões mais dignas, mais nobres; que nos fossem franqueadas para o mundo das coisas do espírito, do belo, dos sentidos: das artes e da cultura! São estas algumas das “ferramentas” indispensáveis à criação de um povo mais tolerante, com maior consciência cívica e democrática. São estes os universos que melhor cabem na vocação futura do Convento Corpus Christi, monumento que tem actualmente como oferta duas ou três baiucas “mal amanhadas” com artigos de refugo, de interesse menor, em vez de um programa atractivo que deixe a quem por lá passa uma marca da nossa história… que não se esgota no “entreposto do vinho do porto” ribeirinho!

1 Comments:

Blogger vasco said...

Apesar de , na sua globalidade, eu considerar que o Dr. Menezes é um bom presidente da Câmara, não podia deixar de estar mais de acordo com o texto lido. É uma texto que, para além de muito bem escrito, coloca o dedo na ferida daquilo que são as preocupações histórico-culturais deste presidente. Para além de um vereador da cultura de nome pomposo e sonante (não mais do que isso)mas inexistente, tem-se perspectivado o futuro sem o assentar nos pilares identitários da nossa história. Anular o passado inquina o nosso futuro.
E este magnífico edifício marecia bem mais e melhor.
Um abraço de solidariedade e de subscrição total pelo texto.

Vasco Silva

2:55 AM  

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