Saturday, August 11, 2007

CONVIDADA PELA CÂMARA A INSTALAR-SE EM GAIA HÁ OITO ANOS, A ASSOCIAÇÃO ABRAÇO CORRE O RISCO DE SER DESPEJADA

salvadorpereirasantos@hotmail.com

No seu primeiro mandato como presidente da Câmara Municipal, em 1998, Luís Filipe Menezes convidou a Associação Abraço a instalar a sua Delegação Norte no Centro Histórico. Cerca de três anos depois, com o inicio das obras de construção do Cais de Gaia, o edil convenceu aquela Organização liderada por Margarida Martins a mudar-se “provisoriamente” para um velho edifício sito na rua da Carvalhosa, nas traseiras das antigas instalações da Real Companhia Velha. Entretanto, no livro “1997-2001 Quatro Anos Depois”, editado pelo municipio aquando das Eleições Autárquicas de 2001, o presidente Menezes escrevia que iria nascer brevemente na Escarpa da Serra do Pilar, junto à Ponte D.Luís, um «Fórum de Liberdades Civicas», onde a Abraço teria a sua sede definitiva...

Na escarpa da Serra do Pilar está, infelizmente, tudo na mesma. E a Abraço continua instalada num lugar provisório... há seis anos. Mas, segundo os jornais, por pouco tempo! Não se pense, porém, que a edilidade encontrou finalmente um outro espaço (definitivo...) para aquela Instituição Particular de Solidariedade Social poder desenvolver com melhores condições o seu merítissimo trabalho de prevenção e combate ao vírus da Sida e de apoio a pessoas infectadas. Não, nada disso. A notícia veículada pela comunicação social é outra: a Abraço tem de abandonar dentro em breve o velho prédio da rua da Carvalhosa, porque as obras de construção do Centro Cultural de Gaia arrancam em Setembro! Assim mesmo, sem um aviso prévio da Câmara, um telefonema, uma palavra...

Logo que teve conhecimento da notícia (pelos jornais!...), há cerca de um mês, a Abraço pediu uma reunião com o vereador da Acção Social, Guilherme Aguiar. O autarca confessou não ter ainda solução para o problema, mas descansou os representantes da Associação quanto a uma eventual ordem de despejo. A verdade é que o tempo foi passando e... os responsáveis pela obra do Centro Cultural acabam de informar que a empreitada vai avançar no próximo mês, sendo que o edifício onde funcionam os serviços da Abraço é um dos primeiros a serem intervencionados. Entretanto, a Associação foi confrontada com um autocolante da Junta de Freguesia de Santa Marinha a informar que teria de sair daquele espaço. Ou seja, enquanto a Câmara diz que procura uma solução para o problema, a Junta ignora-o!...

No meio do frenesim da sua candidatura a líder nacional do PSD, Luís Filipe Menezes não tem tempo para se preocupar com o problema, mas garante que a Câmara está a estudar uma solução adequada. No entanto, adianta que a Abraço não pode continuar no edifício actual, porque vai entrar em obras. O edil garante que a Câmara tudo fará para manter aquela Associação em Gaia, mas remete o assunto para José Guilherme Aguiar, uma vez que o dossiê está nas suas mãos. Até aqui tudo bem, mas... o presidente Menezes diz ainda que «não anda a competir com outras câmaras, pelo que, se houver melhores opções em Matosinhos ou no Porto, a Associação pode mudar-se»! E isto é que é preocupante. Será que a Abraço agora é descartável porque perdeu a visibilidade mediática que tinha em 1998/2001?...

Embora sem o mediatismo dos anos 1990, a Abraço continua a desenvolver a sua actividade com o mesmo dinamismo e abnegação, implementando estratégias de intervenção específicas dirigidas ao público jovem e à comunidade em geral, visando a prevenção do HIV/Sida, para além da especial atenção dedicada à população portadora daquele terrível vírus. Actualmente, a Delegação Norte da Abraço apoia directamente oitenta e sete pessoas infectadas, sendo que trinta delas têm apoio domiciliário e oito estão numa unidade residencial. A ajuda prestada aos portadores de vírus da Sida traduz-se também em acompanhamento psicológico e social, em apoio jurídico, na oferta de alimentação e de medicamentos, na disponilidade de transportes e na articulação com outras instituições e comunidades terapêuticas.

Todo este trabalho implica naturalmente uma retaguarda logistica de grandes dimensões, pelo que não será muito fácil encontrar instalações alternativas ao espaço até agora ocupado na rua da Carvalhosa. Entretanto, Setembro aproxima-se e a Câmara mantém o silêncio. Esta situação de impasse é preocupante, pois a mudança de sede de trabalho da Abraço terá que ser preparada com antecedência para não colidir com os inúmeros projectos em curso. Não é de um dia para o outro que se resolve este problema, mas quero acreditar que Luís Filipe Menezes não “suje a face” durante a sua caminhada para as “directas” do seu Partido, deixando a Abraço sem Casa e perto de noventa pessoas do Norte (boa parte de Gaia) abandonadas à sua (má) sorte! Confesso que vou aguardar o desfecho deste caso com alguma apreensão...

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