Sunday, August 26, 2007

O “MARÉS VIVAS” – EU NÃO ESTIVE LÁ, MAS...

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Diz quem marcou presença no “Marés Vivas” que a Praia do Areínho esteve ao rubro na noite de 15 de Agosto, com as actuações dos Chemical Brothers e dos Da Weasel. É verdade que as expectativas do vereador Firmino Pereira sairam furadas. Esperava vinte mil pessoas, mas “só” conseguiu reunir no areal pouco mais de doze mil (há quem fale em quinze mil, mas... as contas não estão certas!). Apesar de tudo, a aposta valeu a pena. Mesmo com o “circo” desprestigiante que envolveu o evento, com a confusão do «não paga»-«não, não paga»-«afinal paga!» (as borlas acabaram por ser muitas, mas não para todos...), do «cancela»-«descancela!», e pese embora a iniciativa coincidir com o último dia do Festival de Paredes de Coura, não se pode falar em falhanço.

O Jorge Silva da PortoEventos está de parabéns. A organização, diz quem lá foi e percebe da “poda”, foi impecável. A dupla britânica de Tom Rowlands e Ed Simons esteve imparável, a banda portuguesa liderada por Pacman não desiludiu e os DJs convidados estiveram à altura do acontecimento. Mas... O que esteve para ser um festival digno da história do “Marés Vivas”, acabou por ser um “simples” espectáculo com duas excelentes bandas, apenas isso. E recordo que o que se pretendia com este evento era «colocar Vila Nova de Gaia e a Área Metropolitana do Porto no centro das atenções nacionais», como referiu o autarca Marco António Costa em conferência de imprensa realizada semanas antes. Só dá mesmo para rir!...

Se a memória não me atraiçoa, o “Marés Vivas” aconteceu pela primeira vez em 1998, começando por ser um certame de bandas portuguesas, que percorria várias freguesias da orla marítima e fluvial. Dois anos depois, optou-se pela sua concentração em apenas dois locais, durante quatro noites. Em 2001 (ano de eleições...), o “Marés Vivas” apresentou-se mais ambicioso, juntando as bandas Guano Apes, Jon Spencer Blues Explosion, Yo La Tengo, Fun Loving Criminals, Cousteau, Gift e Xutos & Pontapés. Tudo com entradas gratuitas!!! Este ano, depois de anunciado o seu regresso com um elenco de primeira linha durante dois dias, o “Marés Vivas” ficou-se por uma só noite, num único local (magnifico, é certo), com apenas duas bandas e... entradas pagas!!!

Sou contra, absolutamente contra, os espectáculos gratuitos. A prática da gratuitidade do “consumo” em qualquer sector de actividade apenas contribui para criar a ilusão de que o “produto” em causa não tem um custo real. As receitas das vendas devem ser entendidas por todos os “consumidores” como fundamentais para a produção do “objecto” consumido. É assim também com a Cultura, em todas as suas formas de expressão. O que não se pode é enganar, mentir, iludir o “público/cliente”, dizendo que não se paga nada por uma determinada produção e depois, quase de um dia para o outro, sem qualquer explicação razoável, exigir-lhe pagamento por um produto de qualidade inferior ao anteriormente anunciado como gratuito!...

Mas enfim... A “coisa” lá aconteceu . Os espectadores vibraram com tudo o que viram e ouviram no palco e os que pagaram bilhete não deram por mal empregue o dinheiro! Finda a festa, a Câmara garantiu que o “Marés Vivas” veio para ficar, recuperando em 2008 o figurino original, com pequenas alterações. Deixará definitivamente de ser itinerante e gratuito, como foi nas suas quatro primeiras edições, mas prolongar-se-á por três dias, no mês de Julho, com um cartaz de luxo. Sempre na praia do Areínho, em Oliveira do Douro. Resta-nos aguardar. Eu sei que nessa altura estaremos a pouco mais de um ano das próximas eleições autárquicas, mas... nada nos garante que não se repita a infeliz “novela” deste ano (ver posts dos passados dias 9, 20 e 30 de Julho)!!!

Mas se é mesmo verdade que o “Marés Vivas” se fixará em definitivo na praia do Areínho, transformando-se numa marca de referência da oferta das Artes do Espectáculo em Gaia, talvez não fosse má ideia aproveitar o ensejo para requalificar finalmente a margem esquerda do Douro a montante da ponte D.Luiz I. Criando, por exemplo, uma ligação à cota baixa entre Santa Marinha e Oliveira do Douro, através de uma via ciclopedonal que permita desfrutar da magnífica paisagem verde que se estende junto ao Rio, sem o perigo de quaisquer agressões ambientais, melhorando inclusivamente os cuidados na sua preservação de forma a que se constitua também numa zona de lazer de excelência. Fica a sugestão. Em breve voltarei ao assunto.

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