SANTA MARINHA, MEU AMOR

Thursday, May 24, 2007

A TEIMOSIA, A SURDEZ E A CEGUEIRA DE LUÍS FILIPE MENESES NO CONVENTO CORPUS CHRISTI

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Teimoso, obstinado, casmurro, surdo perante as vozes que se levantam contra a descaracterização do património edificado e cego face à importância estratégica da riqueza histórica do concelho no seu desenvolvimento social, económico e cultural, Luís Filipe Meneses acabou por levar avante a infeliz ideia de transformar parte do Convento Corpus Christi na sede da empresa municipal de urbanismo. Já se ouve e vê o camartelo a desmantelar o miolo da ala poente do Convento, deitando por terra as esperanças de quem ainda acreditou que o bom senso viesse a imperar.

Com a decisão de transferir a Gaiurb para as instalações do Convento Corpus Christi, o edil impede, por exemplo, que este espaço de excepção se constitua num eixo propulsor do crescimento turístico do concelho. Um espaço que explore, através de meios audiovisuais e interactivos, as relações históricas entre o Douro e Gaia, seus lugares e culturas, numa perspectiva de passado, presente e futuro. Um espaço que seja ponto de visita privilegiado dos turistas e da população residente e que funcione como pólo integrador, pedagógico e informativo de um concelho plural, rico e único na sua enorme diversidade.

Por outro lado, com a sua ideia desastrada de encher aquele monumento de secretárias, computadores e estiradores, o presidente Luís Filipe Meneses impede também que a Câmara Municipal venha a cumprir o que promete no seu site oficial, onde se lê (ainda hoje) que a edilidade «estuda a implantação de um equipamento cultural de grande qualidade e envergadura» no Convento Corpus Christi. Será que alguém acede abusivamente ao site da Câmara, fazendo promessas em nome do presidente a fim de o comprometer aos olhos dos gaienses? Ou será que o edil de Gaia sofre de ataques de amnésia?!...

A verdade é que, com o argumento bacoco de que “animará” o Centro Histórico com os funcionários e utentes da Gaiurb, a Câmara desperdiça levianamente um espaço que tem características para vocações muito mais nobres e importantes para o concelho. Para revitalizar aquele espaço, e indo ao encontro da ideia expressa no site da edilidade, já aqui sugeri a transformação do Convento num Centro de Pedagogia e Animação que propicie uma aproximação de crianças e adolescentes aos mais diferentes saberes, desde a arte, à curiosidade científica e ao raciocínio lógico. Se o senhor presidente quiser mais ideias é só dizer…

Tuesday, May 15, 2007

CASA DA CULTURA – UMA CASA FECHADA A QUEM TRABALHA!!!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Está patente ao público na Casa-Museu Teixeira Lopes, até 27 de Maio, uma exposição retrospectiva da obra do artista plástico Agostinho Santos, que reúne algumas das suas mais expressivas telas, criadas ao longo dos seus vinte anos de actividade. Esta mostra antológica, com o título genérico “Labirintos de Desejo”, é complementada por um conjunto de desenhos expostos na Casa da Cultura (Casa Barbot), que integra também alguns objectos do quotidiano artístico daquele pintor.

Atraído pela iniciativa, no passado sábado, manhã cedo, meti os pés ao caminho e fui até à belíssima Casa de finais do século XIX que foi residência e atelier do Mestre António Teixeira Lopes, até ao seu falecimento em 1942, onde pude apreciar alguns dos mais notáveis trabalhos do jornalista-pintor gaiense. Já tinha visto pinturas assinadas por Agostinho Santos em colectivas organizadas em Lisboa, Vila Nova de Cerveira e Coimbra, mas só agora tive oportunidade de conhecer a verdadeira dimensão da sua obra.

Seduzido pelos trabalhos expostos na Casa-Museu Teixeira Lopes, e sabendo que um pouco mais abaixo, na Casa Barbot, agora também chamada Casa da Cultura, podia ver parte dos desenhos que Agostinho Santos produziu recentemente inspirado nalgumas das personagens criadas pelo Nobel José Saramago na sua vastíssima obra literária, que mereceram, aliás, rasgados elogios do escritor, desci rapidamente a avenida da República e… “levei com a porta na cara”!

A Casa da Cultura está encerrada ao fim-de-semana!!! Quem diria, não é?... Uma Casa que se dizia “aberta à cidade” está fechada a quem trabalha. Ou seja, funciona das nove às vinte, mas só nos dias úteis. E como apenas uma pequena minoria sai do seu emprego antes das seis, estamos conversados… Aos sábados, domingos e feriados, quando a esmagadora maioria da população não tem compromissos profissionais e está mais disponível para a cultura e para o lazer, a Casa Barbot tranca as portas!

Conclusão: a Câmara Municipal ganhou espaço para a instalação dos serviços do Pelouro da Cultura e a cidade perdeu a Casa Barbot, depois desta ter sido parcialmente recuperada! A verdade é que nos prometeram que este magnífico exemplar de Arte Nova seria palco de pequenos acontecimentos culturais e que o seu espaço exterior ganharia animação. Animação na zona envolvente do edifício, nem vê-la! E quanto aos eventos realizados no seu interior, temos o exemplo desta mostra de Agostinho Santos: aos fins-de-semana não há nada para ninguém!...

Monday, May 07, 2007

OS COMBOIOS ALFA PENDULAR E INTERCIDADES VÃO DEIXAR DE PARAR NAS DEVESAS... A CÂMARA DE GAIA E A REFER CONTINUAM DESAVINDAS… E O POVO É QUE PAGA!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Os comboios Alfa Pendular e Intercidades da Linha do Norte vão deixar de parar na Gare das Devesas. Segundo tudo indica, esta decisão, a confirmar-se, resulta de um inquérito feito nas últimas semanas pela CP junto dos utentes daqueles serviços, que terão optado na sua esmagadora maioria pela transferência da paragem dos comboios rápidos em Gaia para a Estação de General Torres, alegadamente por ser mais central e permitir uma ligação mais directa e eficaz com o Metro e com os restantes serviços de transportes públicos do Concelho. Fonte fidedigna garante que este desiderato aguarda apenas ratificação por parte da Refer.

Há quem “leia” esta decisão apenas como mais um capítulo do folhetim “telenovelesco” que tem oposto o edil Luís Filipe Meneses aos responsáveis da Refer, mas não deixa de ser verdade que a utilização da Estação de General Torres como ponto de paragem dos comboios expresso traz vantagens acrescidas para a população de Vila Nova de Gaia. De facto, o anunciado prolongamento para breve da linha amarela do metro até Laborim e o há muito prometido passe intermodal a criar pela futura Autoridade Metropolitana dos Transportes, assente numa política integrada de transportes públicos do Grande Porto, aconselha a implementação desta medida.

Espero, porém, que esta decisão não inviabilize ou condicione a intenção já manifestada pela Refer de proceder finalmente a obras de requalificação da Gare das Devesas nem seja motivo para a Câmara Municipal continuar a adiar “sine die” a reabilitação da zona envolvente, nomeadamente “a intervenção de salvação de património histórico” que há muito se reclama para o Complexo Fabril. Assim como desejo que seja definitivamente encontrada uma solução equilibrada para o conflito que opõe aquela empresa à edilidade no que respeita ao desenvolvimento do processo de construção da Via Circular do Centro Histórico, colocando à frente de eventuais querelas pessoais o interesse público.

É verdade que um protocolo celebrado em 2003, entre a Refer e a Câmara, estabelece a concessão à edilidade, por 25 anos renováveis, de um canal ferroviário desactivado a norte da Estação de General Torres. Mas o que acontece é que aquele acordo dá à Refer a possibilidade de acabar com a concessão a qualquer momento sem que a Câmara tenha direito a indemnização pelas obras feitas, desde que o troço seja "imprescindível para o serviço público ferroviário". O executivo liderado por Luís Filipe Meneses fez “vista grossa” daquela condicionante e partiu para a construção da Via Circular do Centro Histórico sem providenciar a renegociação do clausulado neste particular.

Ninguém tem dúvidas da importância da construção daquela infra-estrutura rodoviária, que se propõe ligar as ruas Serpa Pinto e General Torres às rotundas da VL8 (Devesas) e da VL9. Mas é necessário primeiro saber que uso se propõe dar a Refer ao antigo túnel ferroviário até agora desactivado, que a Câmara pretende utilizar. Pode muito bem acontecer que o alcance do projecto em estudo (?) na empresa ferroviária aconselhe a construção de mais 50 metros de viaduto (é esta a extensão que está em causa!...) por parte da Câmara, para a conclusão da Via Circular, em vez de inviabilizar todo o canal que liga o tunel da Estação de General Torres à Ponte Maria Pia. Quem sabe?...

Será que só saberemos verdadeiramente o que se passa nas barras dos tribunais? Por que será que a Câmara e a Refer não se entendem? Sem diálogo, sem eventuais cedências mútuas ou partilha de responsabilidades, quem fica a perder são os cidadãos. Em vez das partes dirimirem o litigio em tribunal por que o não fazem em sede de concertação negocial, assumindo cada uma delas a missão de serviço público que lhes compete?… Para começar, podiam entender-se quanto à implementação de uma política de segurança, vigilância e acessibilidade nas Estações e Apeadeiros ferroviários do Concelho e nas respectivas zonas envolventes.

No caso concreto da Estação de General Torres as questões que se colocam vão para além da falta de um sistema de vigilância eficaz e de um policiamento fiscalizador e dissuassor de assaltos e de actos de vandalismo, que se tornam cada vez mais frequentes. Faltam elevadores e rampas que permitam a mobilidade de cidadãos portadores de deficiência e de passageiros com cargas pesadas ou com carrinhos de bebés. Isto para não falar do desconforto, do aspecto desolador, triste e inóspito da Gare, e da inexistência de oferta de serviços de atendimento aos utentes. Será que vamos continuar a sofrer na pele os resultados da falta de diálogo e entendimento de duas entidades que têm por missão servir-nos… bem?!