Saturday, October 27, 2007

NINGUÉM PÁRA A INFERNAL MÁQUINA DE PROPAGANDA DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DE GAIA!...

salvadorpereirasantos@hotmail.com

A máquina de propaganda da Câmara Municipal de Gaia está imparável! Um jornal da região voltou, na passada terça-feira, a fazer eco dos complexos habitacionais de luxo que vão nascer na antiga Destilaria do Álcool e no espaço vizinho onde funcionou até há bem pouco tempo o saudoso Hard Club. E fê-lo desta vez apenas com o pretexto de anunciar para breve o início da recuperação (sic) daqueles dois belíssimos edifícios e a conclusão das respectivas obras dentro de quatro meses (!). Note-se, no entanto, que aquelas “obras de recuperação” implicam a demolição (!!!) do que resta dos imóveis, a escavação e a contenção periférica. Quanto aos empreendimentos, promete-se (de novo, pela enésima vez) a sua inauguração para 2011!!!

Se o jornal em questão quisesse ser mais objectivo e menos parcial no que escreve, não se limitaria a repetir a tipologia e os custos dos projectos desenhados para a antiga Destilaria e para o edifício do Hard Club. Até porque já estamos todos cansados de saber que «na antiga unidade industrial construída no século XIX, serão construídos 48 fogos, distribuídos por 8.200 m2, destinados a famílias com grande poder económico», como estamos igualmente fartos de ler em todos os pasquins cá do burgo e nalguns jornais chamados de referência que «o antigo Hard Club vai dar lugar a um empreendimento com 19 habitações tipo moradia, distribuídas por 5.950 m2, com o preço base de venda ao público calculado em 6 mil euros por m2».

Ou seja, em vez de um texto cheio de subliminares referências elogiosas aos dois projectos com vista privilegiada sobre o rio Douro da autoria do arquitecto Pedro Balonas que “cheira” a tudo menos a jornalismo sério, seríamos confrontados com um trabalho de investigação sobre o ponto de situação das promessas feitas pela autarquia sob o mote “condomínios de luxo vs. habitações sociais no Centro Histórico de Gaia”, o que nos levaria a concluir o seguinte: tudo o que mexe com os grandes interesses económicos, lá vai andando mais ou menos dentro dos prazos repetidamente anunciados; tudo o que se prende com a resolução dos problemas dos mais frágeis e desfavorecidos, vai ficando para trás, como sucede, por exemplo, com a Urbanização Social Miradouro!

Recorde-se que, de acordo com o calendário de trabalhos anunciado pela Câmara, no terreno devoluto que forma o gaveto da rua General Torres com a rua de Guedes de Amorim era suposto que as máquinas andassem já a abrir fundações para erguer aquela Urbanização Social. Mas não, o equipamento desenhado pelo arquitecto Rui Loza, com cerca de 50 apartamentos destinados a famílias carenciadas da freguesia de Santa Marinha, continua em “banho-maria”, alegadamente por terem sido detectados alguns erros em projectos de especialidade (electricidade!...). Que estranha sina esta das casas dos mais pobres: umas apresentam lacunas antes da fase de construção; outras ameaçam cair por falta de conservação. Tudo por responsabilidade directa do Município!

Concluindo: em vez da “não notícia”, onde a Câmara consegue que se lhe volte a louvar os milhões de investimento privado angariados este ano, os escribas poderiam ter desvendado os atrasos registados no inicio da construção da Urbanização Miradouro, a miséria com que nos confrontamos nas famigeradas “ilhas” onde vivem famílias inteiras em condições infra-humanas, os velhos imóveis em ruína iminente, contíguos a prédios sem as mínimas condições de habitabilidade que dão guarida a gente em fim de vida, abandonada à sua triste má sorte, etc…etc. Porque é este o espelho do Centro Histórico. É esta a verdade que alguma imprensa parece ignorar. Mas porquê? Não quero crer que este “jornalismo” esconda algo que tenha a ver com promessas… inconfessáveis!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home