Monday, January 21, 2008

MAIS UMA MORTE NA LINHA FERROVIÁRIA, EM COIMBRÕES! BASTA, SENHOR PRESIDENTE! POR QUE NÃO SE DEMITE?!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Uma adolescente com pouco mais de quinze anos foi colhida mortalmente por um comboio, na manhã da passada quinta-feira, junto à famigerada passagem de nível da travessa das Luzes. Segundo testemunhas oculares, a jovem, de seu nome Mariana, estudante aplicada e briosa basquetebolista do Sporting Clube de Coimbrões, caminhava descontraidamente pela linha férrea quando o acidente ocorreu. De nada valeram os avisos das pessoas que por ela passaram nem os apitos insistentes do comboio. Mariana não reagiu. Ia absorta nos seus pensamentos, talvez voando nas asas dos seus sonhos de menina. Perdoem-me. Esta história é terrível, mas tinha de a evocar porque não consigo calar a minha revolta e sinto-me no direito de pedir responsabilidades a quem contribui passiva ou activamente para o lamentável estado actual das travessias das ferrovias em Coimbrões.

Quantas pessoas mais terão ainda de morrer para que se construa finalmente uma passagem sobre ou sob a linha ferroviária, em Coimbrões? Só em 2007, foram sete as vidas que ali se perderam. E o presidente da Junta de Santa Marinha anda a prometer há seis anos que vai resolver o problema, que o assunto está bem encaminhado, que… que… que… Estou cansado de palavras vazias de sentido, de promessas por cumprir, de ideias bacocas e gastas, de boas vontades inconsequentes. Basta! Por que não se demite, o senhor presidente?! Por que não cede ele o seu lugar a quem tenha força reivindicativa, inteligência, dinamismo, capacidade de iniciativa e poder de influência bastantes para que se resolva de vez esta infame situação que põe em causa a segurança (a vida!!!) de largas dezenas de pessoas que diariamente atravessam a linha férrea naquele local?!

Eu sei que o presidente da Junta de Freguesia é um homem sério, dedicado, voluntarioso, trabalhador. Mas não chega. Santa Marinha precisa de um líder forte, dinâmico, ousado, que tenha estatura intelectual e autoridade técnica e política para falar alto e bom som junto da Refer e das demais entidades com responsabilidade neste e noutros trágicos acontecimentos que têm enlutado famílias e nos chocam a todos! Para resolver esta situação, devo recordar-vos que bastaria (?) reclamar com vigor e veemência o cumprimento de uma obrigação legal. É verdade. O Decreto-Lei nº. 568/99, de 23 de Dezembro, determina que a Refer, a Estradas de Portugal e as Autarquias (neste caso a Câmara Municipal de Gaia) que tenham a seu cargo vias que incluam atravessamentos de nível à via-férrea, desenvolvam esforços e planos conjuntos visando a sua supressão.

Conforme se pode ler naquele Diploma Legal (de finais de 1999, note-se!!!), as três entidades acima referidas obrigam-se a elaborar programas plurianuais de supressão de passagens de nível, ou a sua substituição por vias desniveladas, quando se verifiquem algumas das seguintes condições: a) tenham registado dois ou mais acidentes nos últimos cinco anos; b) se situem em troços onde se possam estabelecer circulações ferroviárias a velocidades superiores a 140 km/hora; c) possuam momentos de circulação elevados, d) atravessem mais de duas vias férreas; e) se considerem de particular perigosidade, quer pelas características das vias onde se situam, quer pelo tipo de peões que as utilizam. E, como todos os santamarinhenses muito bem sabem, estas condições enquadram-se perfeitamente no “perfil” dos atravessamentos das ferrovias de Coimbrões.

Sublinho ainda, que, mais recentemente, através do Decreto-Lei 24/2005, de 26 de Janeiro, o Governo determinou que, nas linhas ferroviárias com trabalhos integrados de modernidade (estou a falar da Linha do Norte!...), fossem suprimidas ou reclassificadas todas as passagens de nível, mediante a construção de atravessamentos desnivelados, num prazo de três anos. Esta decisão governamental reflecte a circunstância das passagens de nível constituírem uma das componentes mais perturbadoras do sistema de exploração ferroviária e a preocupação resultante dos imperativos de segurança a prosseguir. Os dois Diplomas atrás citados são suporte bastante para sairmos das “águas mornas” e das “palavras mansas” em que a Junta de Santa Marinha parece ter mantido este dramático problema das passagens de nível existentes no lugar de Coimbrões.

Para acabar com esta terrível calamidade, há que agir depressa. Não bastam as luzinhas de perigo a “apagar e a acender”, nem as campainhas a ressoar ou o bonito slogan «pare, escute e olhe». É preciso, de uma vez por todas, ter coragem de olhar de frente o problema, escutar a voz da razão que nos assiste e não parar de gritar: «queremos que os nossos concidadãos atravessem a linha ferroviária em Coimbrões sem correrem o risco de perderem a vida de forma tão… terceiro-mundista»! E são sobretudo crianças, jovens e idosos que o fazem. Os mais novos percorrendo a distância que separa as suas casas da escola, onde começam a construir os alicerces do seu futuro; e os mais velhos trilhando o caminho da saudade que os leva à última morada dos seus defuntos mais queridos, alguns deles mortos na linha férrea como a pobre e infeliz Mariana…

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