SANTA MARINHA, MEU AMOR

Thursday, June 28, 2007

QUE SAUDADES EU TENHO DO HARD CLUB…

salvadorpereirasantos@hotmail.com

O vereador da Cultura, Turismo e Património da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Mário Dorminsky, queixa-se amargamente e com inusitada frequência da falta de salas no Concelho para acolher grandes eventos performativos, nomeadamente concertos de música popular, jazz, rock, etc…, como se ele estivesse isento de quaisquer responsabilidades no facto ou a dimensão dos espaços existentes pudesse impedir a realização de eventos de qualidade e prestígio. Como exemplo, retenho a história do Hard Club, estrutura que se transformou em pouco mais de nove anos num dos palcos mais emblemáticos da música contemporânea e que o senhor vereador deixou morrer o ano passado.

Funcionando num espaço de rara beleza arquitectónica, onde a pedra e o aço se “casavam” na perfeição, o Hard Club acolheu desde a sua fundação, em 1997, alguns dos mais importantes concertos dos últimos anos na região norte. Por lá passaram “ao vivo”, entre muitos outros, Manuela Azevedo e os “Clã”, David Byrne, Mick Taylor, João Gordo e os “Ratos de Porão”, Adolfo Luxúria Canibal e os “Mão Morta”, Mark Sandman e os “Morphine”, Jorge Palma, David Fonseca dos “Silence Four” e Manuel Cruz dos “Ornatos Violeta”, para além das bandas “Blasted Mechanism”, “Rammstein”, “dEUS”, “Paradise Lost”, “Da Weasel”, “Xutos e Pontapés”, “Blind Zero”, “The Gathering” ou “The Rasmus”, em memoráveis e inesquecíveis concertos.

Espaço plural, aberto, ecléctico, o Hard Club viveu de todas as sonoridades e faunas musicais. Foi lugar de acontecimentos únicos que marcaram as noites de Gaia, junto ao Cais. Acolheu várias dezenas de bandas consagradas e inúmeros jovens artistas emergentes que arrastaram consigo públicos de vários pontos da região norte do país. Ultimamente tinha-se dedicado principalmente aos concertos de metal e a festas de música electrónica, sem descurar as suas célebres sessões Brainstorm e os concertos mais intimistas. Tudo isso acabou! O local onde viveu e morreu (?) o Hard Club vai ser transformado num complexo habitacional. E o senhor vereador da Cultura diz que Gaia tem falta de salas de espectáculos. Pois…

Wednesday, June 27, 2007

A ILUMINAÇÃO “CÉNICA” DA PONTE DA ARRÁBIDA E O FUTURO DA PONTE MARIA PIA

salvadorpereirasantos@hotmail.com

No passado dia 22 de Junho, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia convocou o povo para um evento que só poderia ter saído da cabeça de um verdadeiro parolo iluminado com o brilho do seu próprio umbigo: dar luz “cénica” (?) à ponte da Arrábida!!! Foi pouca a população que respondeu à chamada, mas o importante é que a televisão, a rádio e os jornais compareceram em massa, e o putativo candidato a primeiro-ministro de Portugal conseguiu o que queria: ser outra vez notícia... e ganhar mais alguns pontos na “corrida mediática” à liderança do PSD! Ele sabe que a parolice bacoca ainda tem espaço privilegiado nos orgãos de comunicação social do nosso pobre país!...

Graças a Luís Filipe Menezes, a ponte da Arrábida ganhou nova cor, ficou mais bonita, mais brilhante, mais “abonecada”, deixando as restantes cinco pontes que ligam as duas margens do Douro entre o Freixo e a Foz roídas de inveja. Uma das pontes terá até derramado o sal das suas lágrimas no leito do rio. Lágrimas de inveja, mas também de raiva, de ódio e de desespero. Entregue à sua sorte madrasta, a ponte Maria Pia permanece sem ver a luz de um futuro que faça jus ao seu brilhante passado, com mais de 114 anos de bons serviços prestados às cidades do Porto e de Gaia. Considerada uma jóia da engenharia mundial, a ponte concebida pelo consagrado Gustave Eiffel continua votada ao abandono e à degradação!...

Em vez do edil de Gaia perder o seu tempo com a iluminação “cénica” da ponte da Arrábida, por que não pugna ele por um acordo com o seu homólogo do Porto, envolvendo o Governo e a Refer, que permita reabilitar o monumento nacional projectado por Eiffel? Desde a sua desactivação, há 16 anos, que têm sido propostos diversos planos para o futuro da ponte Maria Pia. A sua transformação numa pista ciclopedonal ou a recuperação da sua vocação ferroviária com a criação de um comboio turístico e histórico que ligue as duas margens do rio, valorizando as escarpas do Douro e as Caves do Vinho do Porto, são apenas duas das ideias que têm sido apresentadas em vários fóruns de decisão… sem sucesso.

A ausência de políticas integradas e a falta de uma visão estratégica metropolitana dos governantes do Porto e de Gaia, a que acrescem questiúnculas pessoais e ambições políticas antagónicas, condenam os dois maiores Concelhos da Região Norte a situações tão incompreensíveis como o exemplo do estado a que chegou a ponte de Eiffel. Eu deixei de acreditar em iniciativas conjugadas entre as duas cidades (a economia de meios no fogo de artifício das festas de S. João foi milagre do Santo!…), mas como este ano se comemora, a 4 de Novembro, o 130º aniversário da inauguração da ponte Maria Pia, fico na expectativa de que nessa data, em vez da parola iluminação “cénica” de mais uma qualquer ponte, se faça finalmente luz sobre o futuro da ponte Maria Pia!

Friday, June 22, 2007

OS CIDADÃOS DEFICIENTES NÃO TÊM ACESSO AO PISO SUPERIOR DO CENTRO ZÉ DA MICHA... POR FALTA DE UM SIMPLES ELEVADOR!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Se é verdade que o Convento Corpus Christi parece estar condenado a um futuro sem chama nem glória, abandonado à sorte dos ímpetos momentâneos ou desvarios circunstanciais do presidente da edilidade e dos seus acólitos, também o presente do equipamento que lhe fica a nascente, quase paredes meias, é o que é: uma vergonha que não merecemos! Estou a referir-me ao Centro Cultural e Recreativo Zé da Micha, uma infra-estrutura que nada tem de cultural, ou de recreativo, e que poderia constituir-se num verdadeiro espaço de encontro e convívio entre gerações, tendo por base os jogos lúdicos e culturais, aliados a uma forte componente de desporto de família. Não nos podemos esquecer que, para além da sua valência educativa, o desporto desempenha um papel de extrema importância na saúde e na vida social, como meio de valorização humana, abrindo caminhos a uma vida em harmonia com o meio ambiente e em sociedade.

Mas neste caso teríamos que exigir primeiro da Câmara (ou das empresas municipais?) a garantia de que nenhum cidadão seria excluído deste programa. Isto porque o Zé da Micha está em parte interdito a portadores de deficiência. Sim, é escandaloso mas verdadeiro: os cidadãos deficientes ou com dificuldades de locomoção não podem aceder ao piso superior daquele equipamento da Beira-Rio, por falta de um simples elevador!... Será que Luís Filipe Meneses é insensível a este problema? Sabendo que o executivo da Junta de Freguesia é incapaz de colmatar esta grave lacuna, por pura incompetência, será que a Câmara ou as famigeradas Gainima e Gaiasocial não consideram que este caso exige uma urgente intervenção a nível municipal? Estas entidades não podem ignorar a situação nem eximir-se da sua resolução, mesmo que para isso seja necessário recorrer a uma medida de excepção. A excepcionalidade justifica-se perante um caso de tão gritante injustiça e exclusão social!!!

Wednesday, June 13, 2007

O CONVENTO CORPUS CHRISTI GANHA UMA NOVA PORTA… PARA UM FUTURO QUE A SUA HISTÓRIA NÃO MERECIA!!!

salvadorpereirasantos@hotmail.com

Desculpem, mas não consigo calar a minha indignação. Não posso deixar de reforçar o meu mais vivo repúdio pela decisão criminosa da Câmara Municipal de Gaia de destruir a “memória” da ala poente do Convento Corpus Christi, para lá instalar os serviços técnicos e administrativos da Gaiurb. Ali, onde, em 1940, se realizou a última grande intervenção de um monumento fundado em 1345, a que estão ligados a fidalga de Gaia Maria Mendes Petite, o alferes da bandeira da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota Álvaro de Cernache, as Ordens de São Domingos e do Bom Pastor, a Fundação Manuel Pinto da Fonseca e a Ordem Soberana e Militar de Malta, Luís Filipe Meneses mandou avançar o camartelo para acabar de vez com a sua história!

Mas que importância tem a história, não é, senhor presidente? O que é preciso é deixar obra, muita obra, nem que para isso se tenha que escavacar o nosso passado, mandá-lo às urtigas! Que importa a auto-estima de um povo, o enriquecimento da sua capacidade critica, o aumento da sua sensibilidade criativa e a concretização da sua realização plena, tanto a nível social como cultural?... Para o senhor presidente da autarquia de Gaia nada disto tem qualquer valor… A obra que vale a pena é aquela que dá lucro aos milhões ao grande capital e enche o “olho” aos defensores do betão e aos que vivem dele sem quaisquer preocupações históricas, ambientais, paisagísticas ou arqueológicas. São boa parte desses senhores que passarão a entrar no Convento por uma portinha de serviço a instalar na rua Serpa Pinto. Vá lá, vá lá, que não têm o desplante de entrar pela porta principal!

Mas não é a porta por onde se entra que está em causa. O que está em questão é a razão da entrada. Que bom seria que as portas do Convento se abrissem apenas por razões mais dignas, mais nobres; que nos fossem franqueadas para o mundo das coisas do espírito, do belo, dos sentidos: das artes e da cultura! São estas algumas das “ferramentas” indispensáveis à criação de um povo mais tolerante, com maior consciência cívica e democrática. São estes os universos que melhor cabem na vocação futura do Convento Corpus Christi, monumento que tem actualmente como oferta duas ou três baiucas “mal amanhadas” com artigos de refugo, de interesse menor, em vez de um programa atractivo que deixe a quem por lá passa uma marca da nossa história… que não se esgota no “entreposto do vinho do porto” ribeirinho!